Intolerância? Pai aciona PM por desenho de orixá e abordagem assusta crianças em escola de SP - Revista Camocim

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Intolerância? Pai aciona PM por desenho de orixá e abordagem assusta crianças em escola de SP


A atividade pedagógica de uma escola municipal de São Paulo terminou em ação policial, tensão e acusações de intolerância religiosa na tarde de segunda-feira (17). Um pai acionou a Polícia Militar após a filha de 4 anos desenhar a orixá Iansã durante uma atividade cultural na EMEI Antônio Bento, no Caxingui, Zona Oeste da capital .


Segundo a direção, a turma realizava uma produção artística baseada no livro “Ciranda em Aruanda”, obra que apresenta elementos da cultura afro-brasileira e integra o currículo de educação antirracista da rede municipal, em conformidade com as leis 10.639/03 e 11.645/08 .


Ação do pai e chegada da PM


O pai da criança, contrário ao conteúdo da atividade, já havia rasgado um mural de desenhos no dia anterior, segundo relatos de funcionários. Convocado para uma reunião interna, ele não compareceu. Em vez disso, chamou a PM alegando que a filha estaria sendo submetida a “ensino religioso” africano, o que a escola nega categoricamente .


Quatro policiais militares entraram na unidade por volta das 16h. Testemunhas afirmam que um dos agentes portava metralhadora e que a abordagem foi considerada hostil, gerando medo entre crianças e servidores. A diretora chegou a passar mal durante a confusão .


A PM permaneceu no local por cerca de uma hora e ouviu a direção e o pai.


Posicionamento das autoridades


A Secretaria Municipal de Educação afirmou que a atividade é pedagógica, não religiosa, faz parte do “Currículo da Cidade” e já havia sido explicada ao responsável. A pasta ressaltou que a proposta envolve o ensino da cultura afro-brasileira, obrigatório em todo o país pelas legislações federais .


A Secretaria de Segurança Pública informou que os policiais orientaram as partes a registrar boletim de ocorrência, caso desejassem, e que a Corregedoria da PM está à disposição para apurar eventual abuso na atuação dos agentes .


Repercussão e acusações de intolerância


Relatos de pais, funcionários e coletivos ligados à pauta racial classificaram o episódio como intolerância religiosa e abuso de poder, especialmente pela presença de policiais armados em uma escola infantil por causa de um desenho feito em sala de aula .


Até o momento, não há confirmação de processos abertos, mas o caso segue repercutindo entre entidades de direitos humanos e organizações que atuam na defesa do currículo antirracista.


via UOL