Socorrinha “descobre” que requerimento é papel e, sem perceber, desmoraliza o Parlamento inteiro com sua própria falta de noção - Revista Camocim

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Socorrinha “descobre” que requerimento é papel e, sem perceber, desmoraliza o Parlamento inteiro com sua própria falta de noção



Assisti cuidadosamente por três vezes  e com muita  atenção o video da assistente social Socorrinha, ex-coordenadora do CAPS de Camocim, tentando indiretamente criticar o vereador Valdivino Félix, mas o que ela fez, na prática, além de provocar a "vergonha alheia", foi revelar o enorme desconhecimento que tem sobre legislação, sobre a Câmara e sobre o funcionamento básico do poder público. Dizer que apresentar requerimento é apenas um pedaço de papel é, com toda sinceridade, uma confissão pública de ignorância sobre o papel de um vereador, algo que nem graduação nem pós-graduação conseguem disfarçar quando falta o essencial, que é conhecimento.




E aqui vai a explicação categórica conforme determina o Regimento Interno da Câmara Municipal de Camocim e qualquer legislação municipal séria.


O vereador tem três funções principais: legislar, fiscalizar e apresentar proposições, incluindo requerimentos, para cobrar ações e serviços do Poder Executivo.


Ou seja, requerimento não é um papelzinho. É um ato oficial, previsto em lei, instrumento legal para exigir iluminação, saúde, infraestrutura, segurança, limpeza, manutenção, obras e tudo aquilo que afeta a vida do cidadão. É exatamente isso que o regimento manda o vereador fazer.


E mais. O vereador não constrói nada. O vereador não executa obra nenhuma. O vereador não tapa buraco, não faz praça, não ilumina rua. Quem faz isso é a prefeita, porque isso é competência exclusiva do Poder Executivo. O vereador cobra, fiscaliza, solicita, denuncia, exige. A prefeita executa ou deixa de executar.


Portanto, quando ela diz que o vereador apenas apresenta papel, está simplesmente provando que não entende nem a divisão básica entre Legislativo e Executivo, algo que qualquer aluno de ensino médio aprende.



E aqui vem a ironia maior. Os vereadores do grupo político que ela defende apresentam requerimentos toda semana. E esses pedaços de papel ela nunca critica. A indignação dela tem endereço certo e conveniência clara.


A Socorro ainda teve a coragem de dizer que não precisa defender o governo da prefeita Betinha Aguiar. E, sinceramente, acredito que a prefeita deve estar é aliviada. Porque, diante de uma fala tão desastrosa sobre o papel de um vereador, qualquer defesa vinda dela seria um verdadeiro presente para a oposição. Se essa é a qualidade do “apoio”, Betinha escapou de um vexame histórico.


Em resumo, o vídeo dela não expôs o vereador Valdivino. Para quem conhece minimamente legislação, expôs somente a própria falta de conhecimento. Antes de criticar um vereador que cumpre exatamente o que o regimento manda, seria bom ela entender pelo menos o básico.


O Legislativo cobra. O Executivo executa.


Bom, já o presidente da Câmara, Emanuel Vieira, que estudou com a Socorrinha, precisa entender que amizade é uma coisa e compromisso com o Parlamento é outra completamente diferente. Vieira não pode, em hipótese alguma, passar pano para esse tipo de fala desastrosa que atinge diretamente a imagem da Casa que ele preside. Se ele quiser preservar a seriedade da Câmara, vai ter que escolher entre ser amigo da Socorrinha ou ser presidente de verdade. Porque as duas coisas, nesse caso, não combinam nem um pouco.


A fala da Socorrinha também carrega um preconceito evidente. Ela menospreza o vereador Valdivino justamente por ele ser um homem simples, humilde, morador da zona rural, como se origem fosse motivo para desqualificar alguém que trabalha. O mais impressionante é que a própria Socorrinha é da zona rural. Ou seja, tenta diminuir o outro por algo que também faz parte da história dela. É aquela velha história de quem sobe num caixote imaginário e acha que virou autoridade. No fim das contas, ela não desmereceu Valdivino. Ela desmereceu a si mesma ao mostrar que esqueceu de onde veio.


É como ela sugeriu: quem fala o quer, escuta o que nao quer. E completo:  falar sem saber é fácil. Difícil é não passar vergonha.


Carlos Jardel