Padre é acusado de invadir cerimônia de matriz africana e chamar líder religioso de 'macaco nojento'. - Revista Camocim

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Padre é acusado de invadir cerimônia de matriz africana e chamar líder religioso de 'macaco nojento'.



Um padre foi acusado de invadir uma cerimônia de matriz africana no litoral de São Paulo, e chamar o líder religioso de "macaco nojento. Segundo o boletim de ocorrência, obtido pelo g1 neste domingo (16), a esposa da vítima começou a gravar a situação e foi agredida pelo pároco.


O caso aconteceu durante as celebrações religiosas do Dia de Finados, em 2 de novembro, dentro do Cemitério Morada da Grande Planície, no bairro Vila Antártica. A cerimônia de matriz africana estava marcada para às 14h, e a missa do padre começaria logo em seguida, às 16h.


O líder religioso, Leandro Oliveira Rocha, de 44 anos, registrou o boletim de ocorrência sobre o caso na última segunda-feira (10). Ele contou à equipe de reportagem que o padre invadiu a cerimônia, por volta das 15h28, e começou a gritar para que ele saísse do local.


"Se eu estivesse fora do meu horário, o que eu não estava, não dava o direito dele simplesmente me xingar, me insultar e agredir a minha mulher", afirmou Leandro. "Ele me chamou de macaco, de nojento, de imundo. Isso é triste e feio [...] Nos tempos de hoje, não se admite isso", acrescentou.


Leandro disse que apenas pediu para o padre ter paciência, pois já estava encerrando a celebração. Quando as ofensas racistas começaram, a esposa do líder religioso, de 33 anos, começou a gravar um vídeo (assista acima).


Nas imagens, é possível ouvir a comunidade pedindo respeito e dizendo que ele não poderia invadir a cerimônia daquela maneira. Em determinado momento, o padre passou pela esposa de Leandro e o celular caiu. Segundo o líder religioso, o pároco bateu na mão da mulher.


Ainda conforme relatado no boletim de ocorrência, uma equipe da Polícia Militar foi acionada, mas informou que não poderia conduzir os envolvidos à delegacia porque o padre teria que realizar a missa.


A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado como "ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo", e "injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional" no 2º Distrito Policial (DP) da cidade. "Diligências estão em andamento para o esclarecimento dos fatos", destacou a pasta.


O g1 tentou contato com o padre, mas não o localizou até a última atualização desta reportagem. A administração municipal também não respondeu.


O que diz a paróquia?


A Paróquia Nossa Senhora das Graças afirmou que a escala de horários é previamente definida pela Prefeitura de Praia Grande, sendo destinado cerca de 60 minutos para cada instituição religiosa.


De acordo com a paróquia, a celebração das matrizes africanas ultrapassava o horário de 15h30, quando o padre foi até um dos integrantes e pediu para que a cerimônia fosse concluída. O objetivo, ainda segundo a igreja, era possibilitar a preparação da missa marcada para às 16h.


Enquanto os participantes da cerimônia de matriz africana se retiravam do local, os membros da Igreja Católica entraram para iniciar os preparativos. "[O padre] entrou com o grupo e permaneceu em silêncio durante todo o tempo, sem se dirigir a qualquer pessoa presente", garantiu a paróquia.


A Igreja destacou que repudia qualquer forma de **discriminação, intolerância ou violência. "**Confiamos que as autoridades competentes farão a devida apuração dos fatos, garantindo o direito de defesa e assegurando que a verdade prevaleça com justiça e serenidade", destacou.


A paróquia ainda reiterou o compromisso cristão com o respeito e a dignidade de todas as pessoas, independente de crença, cultura ou origem. "O Evangelho nos ensina que o verdadeiro caminho é o do amor, da paz e da fraternidade entre todos os filhos e filhas de Deus", finalizou.


via G1