A instabilidade política promete marcar o ano de 2025 em diversas Câmaras Municipais do Ceará. Levantamento do Diário do Nordeste aponta que pelo menos 19 municípios cearenses podem enfrentar mudanças na composição de seus legislativos, em razão de cassações, afastamentos e investigações judiciais envolvendo vereadores eleitos em 2024.
As causas dessas possíveis trocas são variadas, mas todas gravitam em torno de irregularidades eleitorais — que vão desde fraudes na cota de gênero até compra de votos e envolvimento com facções criminosas.
Fraudes e irregularidades eleitorais
Entre as situações mais recorrentes estão os casos de fraude à cota de gênero, em que partidos lançam candidaturas femininas fictícias apenas para cumprir a exigência legal de 30% de mulheres na chapa. Essa prática, segundo a Justiça Eleitoral, foi constatada em ao menos oito cidades cearenses.
Há também relatos de compra de votos, abuso de poder político e captação ilícita de sufrágio — com candidatos oferecendo dinheiro, materiais de construção, serviços médicos e até promessas de emprego em troca de apoio nas urnas.
Casos que chamam atenção
Em Canindé, as denúncias vão além do campo eleitoral: um vereador foi afastado após investigações apontarem ligação com uma facção criminosa, enquanto outro parlamentar teve o mandato cassado por irregularidades em sua campanha.
Em Acarape, uma decisão judicial anulou todos os votos de uma chapa por fraude à cota de gênero, provocando um verdadeiro revezamento de cadeiras no Legislativo. Situações parecidas também foram registradas em municípios como Santa Quitéria, Limoeiro do Norte e Morada Nova.
Na Capital, o vereador suplente Juninho Aquino (Avante) aparece entre os nomes investigados por abuso de poder e ameaças a adversários durante o período eleitoral.
Mandatos ameaçados
A depender do andamento dos processos, muitos desses parlamentares poderão perder o mandato já nos próximos meses. Outros, porém, ainda contam com recursos e liminares que podem suspender os efeitos das decisões até o julgamento final pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) ou pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Enquanto a Justiça não define os rumos, a população assiste a um cenário de incerteza e desconfiança sobre seus representantes. Em algumas cidades, suplentes já se preparam para assumir vagas; em outras, os próprios vereadores seguem no cargo mesmo após condenações em primeira instância.
Um retrato de fragilidade política
Os casos expostos mostram um quadro preocupante de fragilidade institucional nas câmaras municipais do Ceará. A prática de candidaturas fictícias, o uso do poder público para fins eleitorais e a infiltração de grupos criminosos nas estruturas políticas revelam que a corrupção ainda se mantém como um desafio profundo para a democracia local
Carlos Jardel
via DN
