Sabe o que é mais revoltante do que um servidor ganhar o mínimo legal? É ele fazer o máximo funcional e ainda ser tratado como peso morto. Em Camocim, a gestão da prefeita dos Aguiar é exatamente assim: o servidor efetivo trabalha muito, recebe pouco e, se ousar reclamar, é calado. Simples assim. E se os efetivos são tratados assim, imagina os contratados pelo apadrinhamento.
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A postagem do agente administrativo Alef Divino AQUI é, antes de tudo, um documento. Um raio-X do desrespeito institucionalizado. O rapaz tem 7 anos de serviço. Sabe o que recebe? Um salário mínimo. E sabe o que não tem? Plano de carreira, adicional de insalubridade, nem um "obrigado" decente da gestão. É tratado como número, e número de menor valor.
Mas vamos aos fatos. Os agentes administrativos são a espinha dorsal das secretarias. Fazem tudo: atendimento, documentação, planilhas, controle interno, protocolo. Mantêm a máquina funcionando enquanto os gestores posam para fotos. E o reconhecimento? Nenhum. Absolutamente nenhum. Nem moral, nem financeiro.
Pior: trabalharam em postos de saúde durante a pandemia e sequer receberam insalubridade. Onde estava o zelo da Prefeitura? Onde estava o discurso da “humanização”? Estava nas lives. Na prática, silêncio e descaso.
E quando alguém ousa quebrar esse silêncio, a resposta é rápida, não em forma de reajuste, mas em censura digital. A gestão bloqueia, apaga, silencia. Comentou algo crítico no Instagram oficial? Banido. Cobrou valorização? Sumiu. O feed da Prefeitura é uma bolha cor-de-rosa onde só entra elogio chapa-branca. Uma democracia de fachada.
Mas o ponto mais podre dessa engrenagem é outro: a punição à competência. Sim, você leu certo. Em Camocim, quanto mais capacitado o servidor, maior o risco de ser “substituído”. Profissionais que dominam Excel, fazem relatórios, propõem melhorias… são descartados em nome da “simplicidade”. No lugar, entra quem faz o básico no papel. Fácil de controlar, difícil de pensar. É a lógica da mediocridade funcional. Uma gestão que tem pavor da inteligência.
Enquanto isso, cidades vizinhas valorizam seus quadros técnicos, lançam concursos com salários de verdade e criam planos de carreira. Camocim? Entrega o mínimo, empacota em marketing e ainda quer aplauso. Quer palmas por fazer nada.
Alef não pediu regalia. Pediu o óbvio: dignidade. E o que recebeu? O desprezo típico de quem confunde servidor público com servente político. Mas quem carrega a Prefeitura nas costas não são os cargos comissionados de confiança. É a base. Os invisíveis. Os Alefs.
E a pergunta final é uma só: se essa gestão Aguiar realmente acredita que o servidor é o coração da máquina pública, por que insiste em tratá-lo como peça de reposição barata?
E por falar em base, é bom lembrar que, quando a base levanta a voz, ou a gestão escuta… ou cai junto com o castelo de papel onde fingia governar.
Carlos Jardel