Quando a praça é nossa e ao mesmo tempo morada da indiferença - Revista Camocim

domingo, 27 de julho de 2025

Quando a praça é nossa e ao mesmo tempo morada da indiferença


Tenho uma profunda admiração por vidas socialmente despojadas, alternativas e verdadeiramente livres. Livres no sentido mais autêntico, incorporando na vida o direito de ir, vir e permanecer. Vidas que não se moldam ao que é imposto, mas que desafiam o sistema com a coragem de existir à sua maneira.


Mas essa liberdade tão celebrada exige também a responsabilidade coletiva de construir um mundo que acolha essas almas livres, e não apenas tolere. Um mundo que entenda que dignidade e oportunidade devem estar ao alcance de todos, inclusive daqueles que hoje vivem às margens.


Aqui mesmo, na Praça da Igreja Matriz, no coração de Camocim, vemos o contraste escancarado, (fotos avima) com pessoas em situação de rua, algumas, ou todas,  presas ao vício, ocupando o espaço público como último refúgio. São livres? Talvez no papel. Mas o que se vê é o abandono social disfarçado de liberdade. 


É a liberdade que se confunde com exclusão, porque falta política pública, falta cuidado, falta empatia. 


Essa praça não é só um ponto para o passeio, é um espelho da cidade. E o que ele reflete, neste momento, deveria incomodar a todos nós.