O Brasil vem apresentando números expressivos de casos de dengue, que já ultrapassa 650 mil casos. No contexto cearense, Tianguá é o município líder do Estado em casos confirmados de dengue, com 123 confirmações, o que representa 33,7% do número total no Estado (364 confirmações). A cidade possui 81.506 habitantes, apresentando uma taxa de 310.41 de incidência da arbovirose. Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado, atualizados nesta quinta-feira (22). Outros municípios que possuem números elevados são Brejo Santo (90) – 51.090 habitantes e taxa de 688.98 incidência; e Fortaleza (54 casos) – 2.428.678 habitantes e incidência de 36.03.
Com a quadra chuvosa mais acentuada, a proliferação de focos do mosquito aedes aegypti estão aumentando. A Secretaria Municipal da Saúde de Tianguá considera alguns fatos que tornam a cidade o principal foco da doença no Ceará, como a localização geográfica do Município, que faz fronteira com outras cidades, rodovias e estados. O elevado tráfego de caminhões de outros estados em busca de frutas e verduras no Ceasa também é apontada pela gestão municipal como um dos motivadores da transmissão da doença. O acúmulo de água de forma inadequada em algumas residências é outro fator levantado como motivador do aumento.
Em nota ao OPINIÃO CE, a Prefeitura de Tianguá pontuou os motivos pela alta concentração de casos. O número insuficiente de Agente de Combate a Endemias (ACE) que possam cobrir todo o território do Município também é apontado como um dos motivos que contribuem para o aumento de casos, além de áreas descobertas de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) , que deixaram de ser acompanhadas pela Equipe Saúde da Família. Os casos registrados em Tianguá estão espalhados por todos os bairros da cidade, inclusive na zona rural. Até o momento, não foi registrado casos graves da doença.
FORTALEZA E SÃO BENEDITO
Mesmo figurando como o segundo municípios com mais casos da doença neste ano, Fortaleza está há 11 anos sem sofrer processos de epidemia por dengue. Isso não significa, no entanto, que a população pode deixar de lado os cuidados necessários para evitar a proliferação do mosquito transmissor. O OPINIÃO CE conversou, no início da semana, com Nélio Morais, coordenador de Vigilância em Saúde de Fortaleza. Segundo ele, uma das principais medidas apontadas é a Operação Inverno, que atua nos bairros mais vulneráveis da capital cearense identificando focos que possam atrair o mosquito e limitando a força de transmissão.
Neste ano, a operação iniciou em dezembro, antes de começar o período com grandes incidências de chuvas, e tem previsão de ir até meados de março. A expectativa é de alcançar de 5 a 10 mil focos possíveis distribuídos em 48 bairros da cidade.
O Sorotipo 3 e 4 são identificados como os casos de dengue mais críticos, que podem apresentar sintomas como manchas vermelhas, dor abdominal, vômito persistente, sangramentos na gengiva, no nariz ou na urina. O Tipo 4 da doença foi responsável pelo elevado número de casos em anos considerados epidêmicos de dengue em Fortaleza, como em 2012, que registrou 39.050 confirmações. Outra ação realizada pela Prefeitura é a Operação Quintal Limpo, com distribuição de sacos plásticos para recolhimento de dejetos e materiais acumulados nos quintais das residências.
Brejo Santo, que concentra quase 25% dos casos confirmados de dengue no Estado, não respondeu à demanda feita pelo OPINIÃO CE até o fechamento deste conteúdo.
REDUÇÃO
As providências que estão sendo tomadas pelo Município são reuniões com o prefeito e todos os secretários municipais para o planejamento de estratégias no combate ao mosquito, como a intensificação da limpeza pública e terrenos baldios que acumulam lixo e investimento em campanhas de cuidados preventivos nas mídias.
Em parceria com a Secretaria de Educação, palestras educativas com a temática estão sendo planejadas para serem incluídas no calendário escolar, além de promoção de gincanas envolvendo também os pais. Também estão previstas para este ano mutirões de visitas domiciliares de conscientização da prevenção através da eliminação dos criadouros do mosquito. Isso será feito por enfermeiros e gerentes das Unidades de Saúde da cidade.
Além disso, conforme a gestão municipal, foram realizadas reuniões com gerencias da Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24H) para definição de protocolos de atendimentos e exames, além de notificações. Também é observada a melhoraria dos equipamentos de saúde com soros, exames NS1 e Hemogramas e medicamentos. Além dessas medidas, estão ocorrendo bloqueios de circulação viral nos quarteirões onde foi registrado casos positivos e nos quarteirões adjacentes. O carro fumacê, emprestado pelo munícipio de São Benedito, também está circulando pela cidade.
A Secretaria Municipal ainda informa que existe parceria com outros órgãos para combater o aumento de casos:
“Estamos em contato direto com a SESA e ADS, que estão cientes do problema e têm nos dado apoio, tanto material quanto informativo. Inclusive já está agendada uma visita técnica de representantes da SESA e da ADS, com o propósito de conhecer melhor a nossa situação e nos dar um suporte necessário.”
Adriele Ribeiro — Especial para OPINIÃO CE