O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (16), que não determinou a inserção de dados falsos sobre vacinação no ConecteSUS. Ele pontuou ainda que não soube da adulteração e que não teria motivos para participar do crime.
O capitão reformado foi ouvido em inquérito que apura suposto esquema de falsificação de cartões de vacinação dele, da filha e do ex-ajudante Mauro Cid e familiares. Segundo Bolsonaro, ele não se vacinou.
Bolsonaro chegou à PF às 13h30. O depoimento seguiu durante toda a tarde.
Os agentes questionaram o ex-chefe do Executivo Nacional sobre a falsificação da carteira de vacinação de sua filha. Bolsonaro disse que ela, que tem 12 anos, viajou aos Estados Unidos declarando-se como não vacinada. Segundo ele, a menina possui laudo médico que indicava que ela podia não tomar a vacina.
Bolsonaro respondeu também sobre a relação com seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, que está preso preventivamente. A versão do ex-presidente é que eles nunca conversaram sobre certificados de vacina.
O ex-presidente foi questionado sobre quem tinha acesso à sua conta no aplicativo ConecteSUS. A plataforma foi usada por um computador registrado no Palácio do Planalto para emitir os cartões falsos de vacina em nome de Bolsonaro. A PF identificou ainda um acesso ao perfil pelo celular de Mauro Cid. Bolsonaro atribuiu ao ex-ajudante de ordens a administração de sua conta no aplicativo.
INVESTIGAÇÃO
Jair Bolsonaro (PL) e outras 15 pessoas são alvos da Operação Venire da PF. Segundo a corporação, a ação foi deflagrada para esclarecer as suspeitas de que, entre novembro de 2021 e dezembro 2022, um grupo criminoso inseriu dados falsos sobre a vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
A apuração da corporação indicou que o objetivo da organização seria se manter coerente em relação às pautas ideológicas — sustentando o discurso contrário a imunização da doença —, mas sem perder as vantagens atreladas à vacinação.
Conforme informações do portal g1, a autoridade identificou que os dados falsos foram colocados nos sistemas pouco dias antes de Bolsonaro viajar aos Estados Unidos, em dezembro de 2022. O país exige de estrangeiros o comprovante de vacinação contra a Covid-19.
Diário do Nordeste