2021 chegou. E agora? - Revista Camocim

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

2021 chegou. E agora?

Foto: Amanda-Perobelli_Agência-Brasil_Reuters

Por Paulo Emanuel Lopes*

Lembro que quando dezembro "virou" eu já estava entusiasmado: Já o ano acaba! Não que eu fosse fã do natal, a questão era passar logo 2020. Virar aquela página. Mortes, pobreza, descaso das pessoas com a ciência ficariam "para trás" e iniciaríamos um ano novo melhor.

Não é assim que a gente imagina? Suspeito que não fui o único...

Mas com o fim das comemorações, logo na alvorada do ano, a realidade me caiu como um raio: aqui mesmo em nosso Camocim, um garoto de 13 anos foi brutalmente assassinado. E por um outro garoto, com um pouco mais de idade apenas.

Isso me fez pensar que, a despeito do clima de fim de ano, não adianta sonhar com um mundo melhor se não estamos construindo um.

O ano novo chegou mas, uma vez mais, não resolvemos os problemas sociais que nos prendem ao “ano velho”.

Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), publicado pela Nações Unidas em dezembro de 2019, o Brasil seria o segundo país no mundo com maior desigualdade social, só perdendo para o Catar e seus multibilionários do Petróleo. https://cee.fiocruz.br/?q=node/1090 Já quanto ao Ceará, segundo apontou em relatório o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do estado (IPECE), "em 2019, os trabalhadores que se encontravam na última classe de rendimentos, isto é, aqueles que faziam parte do 1% com maior rendimento, ganhavam, em média, R$ 24.192 reais (...) este grupo recebia, em média, 43 vezes a renda dos 50% que recebiam menos no Estado, cujo rendimento médio mensal estava em torno de R$ 566." https://www.ipece.ce.gov.br/2020/05/20/novo-estudo-do-ipece-analisa-desigualdade-de-rendimento-no-ceara/ 

Voltamos à noite do dia 04 de janeiro, quando Keron Ravach foi brutamente assassinada. Olhe agora nos olhos deste texto, e reflita: desigualdade social e violência são assuntos dissociados? Um assunto não tem nada a ver com o outro?

Não estou dizendo que a pobreza gera violência, mas sim que, enquanto houver uma classe que trabalhe e outra que goze dessa riqueza produzida, haverá violência. E aqui não estou defendendo o comunismo ou o "fim das classes" como solução para a pobreza. As pessoas são diferentes. Portanto, sempre haverá vidas em melhores e piores condições.

O que acredito é que a solução para nossos problemas não está na forma de governo, ou se é PT ou Bolsonaro, mas internamente. Nunca haverá justiça social em um país marcado pelo racismo, pela indiferença, pelo egoísmo. Não haverá um mundo melhor enquanto nós não formos pessoas melhores.

Então para este 2021 o que eu desejo é que, antes de apontar o defeito do outro, melhor é a gente olhar a trave no próprio olho. Que ao invés de dizer que aquele fulano “não presta”, melhor é fazer as pazes com aquele parente, vizinho que a gente se intrigou. Que não olhemos os defeitos, mas as qualidades do próximo.

Somente assim, após mudar nossos próprios hábitos, nossos próprios pensamentos, nossas próprias atitudes, é que poderemos, de verdade, sonhar com um ano (e um mundo) melhor.

*É camocinense. Graduado em Jornalismo (2020) e Publicidade e Propaganda (2012).