Trabalhar sob pressão e na iminência constante de novas fugas ou rebeliões tem sido a rotina de policias e agentes penitenciários que trabalham na Cadeia Pública de Camocim. Só este ano, foram quatro ocorrências de fugas na unidade.
Estimulados pela super lotação, comprometimento físico do prédio e até mesmo pelo pequeno efetivo de agentes que atuam no contingenciamento dos detentos. Buracos são feitos e grades são serradas com facilidade na hora da fuga. O problema revela a face cruel da super lotação nos presídios brasileiros, sem a efetiva intervenção dos governos. Até o presente momento, não há um posicionamento firme por parte do governo estadual responsável pela administração da cadeia.
Leia o relato de um agente penitenciário que trabalha na unidade prisional, resguardamos sua identidade por se tratar de conteúdo opinativo. O comentário foi enviado ao blog via rede social:
"Meu amigo André: Já foi provado por A mais B, que a cadeia de Camocim não tem mais condições de permanência ali, por inúmeros motivos: não oferece estrutura, ou segurança. Trabalhamos em cima de um barril de pólvora, e sempre tensos, na iminência desse barril explodir, o perfil do preso, criminoso ou infrator Camocinense, mudou muito ao passar do tempo, todos os dias somos jogados aos lobos, e temos que ser fortes, destemidos e inteligentes.
O Estado nos abandonou, não temos condições de trabalho, as leis não ajudam, sofremos com falta de contingente, armamentos, treinamentos, respaldo pra agirmos......a cadeia de Camocim transformou-se em uma piada (pra quem desconhece o sistema) , a sociedade não tem noção do nosso trabalho, e desconhece esse sub mundo."
Atualmente a unidade conta, apenas, com 4 agentes prisionais para fazer a custódia de mais de 180 presos, número 3 vezes mais do que a capacidade que é de 67.
O Presídio de Camocim ameaça a segurança da população e põe em risco a integridade física de presos e profissionais que ali atuam diariamente.
Po André Martins
No Camocim Portal de Noticias
Alfinetada
O Estado negligencia ações em todo os aspectos da vida da população que deveriam convergir para produzir a eficiente politica de segurança pública.
Mas, quem pune o Estado negligente e, por tal, CRIMINOSO? Sim, por que ao passo que ele não cumpre o que lhe ordena a Constituição se torna um fora da lei, um marginal, um bandido - o pior de todos-.
Exagero? Não.
Basta se desprender do inútil e infantil sentimento de patriotismo de filmes norte-americanos, repleto de militares heróis de guerra - tipo o Capitão América - para fazer com que este sentimento cumpra etapas, se torne adulto, reflexivo e com consequente envolvimento na transformação da sociedade, para além das famosas pérolas nada conceituais que decoram abobalhadamente a grande rede social. Seria o necessário para entender o que é evidente: temos um Estado que não corresponde com a defesa do cidadão, e não é de agora. Este estopim da criminalidade apenas é reflexo de uma trajetória histórica de conspiração contra os direitos dos cidadãos. E a reflexão que acusa o Estado não é um pensamento de "achismos", é uma constatação de fatos.
Carlos Jardel