
Convocado pelo Papa Paulo III este é o décimo nono concílio realizado pela Igreja Católica. Durante esses dezoito anos de duração do concílio os bispos se viram diante de uma realidade muito complexa e difícil de ser entendida e fez com que os membros do concílio se esforçassem ao máximo para serem elaborados novos documentos e indicadas pistas importantes para os novos rumos que a humanidade e a Igreja estavam tomando. A Igreja que fora pega desprevenida por Lutero e toda a demanda que veio logo em seguida que desencadeou grandes mudanças do modo de se ver, pensar e agir perante a religião.
A Igreja estava em uma encruzilhada, precisava se direcionar e rapidamente. O concílio foi à saída encontrada; mas se a urgência era grande, o caminho percorrido pelo concílio foi bem mais difícil do que muitos poderiam ter pensado a respeito. Interrompido diversas vezes ao longo dos dezoito anos que precisou durar até atingir a sua maioridade e maturidade teológica que a época permitia. A Igreja estava a buscar a nova identidade diante daquele novo mundo; um novo quadro do cristianismo já era realidade.
Basicamente com o talento, determinação e a religiosidade dos jesuítas é que os documentos do Concílio de Trento foram elaborados, redigidos e finalizados. Com o seu conteúdo visivelmente contra o luteranismo e anti protestantismo (é claro); não à toa o Concílio de Trento também é conhecido como a Contra Reforma Católica.
No concílio foram tratadas todas as doutrinas da Igreja que Lutero questionava, tais como: a escritura, a autoridade do Papa, o pecado original, a graça e as obras, os sacramentos, a missa etc. Também aconteceram mudanças no breviário romano, e a mudança do calendário Juliano, o combate ao banditismo, reorganização da Cúria Romana, a instituição de novas ordens (inclusive jesuítas, capuchinhos, teatinos e muitas femininas), a instituição do catecismo e dos seminários (que antes não existiam), entre outras medidas.
Mesmo que depois do Concílio de Trento a Igreja tenha reconquistado alguns de seus territórios ‘perdidos’. Agora não havia mais o monopólio religioso que a Igreja gozava.
Era necessário ‘dividir’ os fiéis com as novas doutrinas, religiões e movimentos que surgiram na poeira de Lutero. Portanto, e mais que antes era de grande importância que o catolicismo justificasse as suas práticas, explicasse com mais clareza suas posições e dogmas. Também tinha importância frisar com clareza a sua própria doutrina porque já não estavam mais todos tão imersos no mundo cristão católico como antes, agora se podia ser cristão protestante.
Agora haviam opções, e sendo assim era preciso deixar o mais claro possível a doutrina e em que acreditar para melhor conhecer e melhor escolher como se queria ser cristão. E nessa ‘disputa por fiéis’ cada lado utiliza as ‘armas’ que se tem nas mãos.
Do lado protestante dessa trincheira os fiéis munem-se da Sagrada Escritura e o seu livre direito de poder interpretá-la junto com sua ‘salvação já garantida’ por Deus; já do outro lado os católicos põem-se a postos com os sacramentos, as palavras do Magistério, a sua tradição milenar e o fato de ter sido a primeira igreja a ecoar os atos de Jesus.
Em suma vê-se que o Concílio de Trento serviu para reforçar seus valores mais preciosos acentuando sempre os pontos que a difere das Igrejas que surgiram após a Reforma iniciada por Lutero.
Lutero é uma figura bem mítica, mas o que ele realmente disse? No próximo texto elaborado por mim um pouco de seu pensamento será desenvolvido.
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*Júnior Santiago, 29 anos, camocinense. Formado em Filosofia sob a chancela da UFG e atualmente faz curso de Teologia pela PUC de Minas Gerais. Membro da Congregação São Pedro Ad’ Vincula.