O CATÓLICO QUE SOU - Revista Camocim


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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O CATÓLICO QUE SOU

Por Júnior Santiago

Já dizia o grande escritor mineiro Guimarães Rosa: “Muita coisa importante falta nome”. E realmente, em muitas ocasiões faltam palavras para inúmeras coisas, situações, casos, momentos que acontecem em nossas vidas. No entanto, as palavras ajudam e muito quando há o mínimo esforço para buscar algum conceito sobre aquilo que se pensa um pouco. Por exemplo: a nossa atual situação de sociedade pós-moderna.

A pós-modernidade trás consigo os muitos reflexos de uma mesma realidade. E falando do local onde hoje estou inserido é notório perceber que nada mais é como era antigamente. Antes ou se era “quente” ou se era “frio”. Hoje em dia temos inúmeros subtítulos. Sem entrar no mérito se isso é bom ou ruim, prefiro olhar a realidade que temos nos braços; e mais do que lamentar é necessário analisar para poder entender-se dentro do quadro pintado.

Aos que me conhecem sabem que sou católico apostólico romano. E eu estando localizado na vida ativa dentro da Igreja Católica; fiz uma breve reflexão do que temos hoje de católicos. Provavelmente faltarão outros muitos subgrupos, mas os que eu consegui nominar já me ajudaram bastante, tomara que ajudem também quem ler. Refletir é a chave. Refletir do lugar onde estamos. 

Sendo assim posso começar que aos católicos que hoje constam na Igreja não têm apenas um “perfil” único que os distinga dos que não são católicos (protestantes, espíritas, umbandistas, hinduístas etc.), e se a realidade é hoje essa também não há um rosto próprio e único ao catolicismo propriamente dito.  

Temos católicos de todo o jeito: comecemos, então pelos católicos piedosos que ainda são herdeiros dos antigos catecismos decorados, e vivem com medo de Deus porque Ele castiga e tem visão mágica dos sacramentos. 

Claro há também católicos apenas de nome, esses não tem nenhum vínculo grande e frequentam por ocasião: casamento de um parente (ou o próprio, mas logo separam), uma missa de corpo presente ou sétimo dia (que mórbido), ou na primeira comunhão ou batismo dos filhos (que fofo). Os que frequentam a missa e ao mesmo tempo a sessão espírita, o culto, também foram agraciados em minha lembrança.

Há católicos que pensam que não é preciso frequentar a igreja, por ser suficiente fazer o bem e viver a caridade (os vejo quase todo dia). Sem contar os católicos mesquinhos: não abrem mão do título de “católico” e ao mesmo tempo desconhecem sequer a fé que a Igreja Católica professa (irônico). 

Tem também aquele de práticas religiosas frequentes, contudo parecem frequentadores assíduos dos cultos do Valdemiro Santiado e fazem uma mistura que ninguém entende: leem a Bíblia, vão à missa, mas assistem DVDs do Silas Malafaia (cruzes) e ainda compram o CD do Padre Fábio de Melo e até oram em línguas. 

Vejo ainda os católicos cheios de boa vontade, se preocupam com o próximo, são de prática social, amam a teologia da libertação e a organização da sociedade, protegem o meio ambiente, as minorias (mas estes também nem sempre se encaixam perfeitamente no perfil católico), contudo, por vezes ignoram orientações da própria Igreja que dizem seguir e menosprezam os sacramentos, desconhecem a fé professada, mas conhecem bem os textos bíblicos e alguns chavões que sustentam suas práticas. 

Não posso esquecer-me de citar que há uma pseudoelite: intelectual, engajada, participativa, aparentemente bem formada. São muitas carapuças para jogar. Eu inclusive já vesti a minha.

E agora sem professar juízos de valor (se é que eu não os fiz ao analisar). Vejo que é importante dar nome às coisas e às situações. Isso ajuda. Isso clareia. Isso norteia. Isso expõe. Isso desvela. Desvelemo-nos. É mais honesto de nossa parte.

Júnior Santiago é camocinense, graduado em filosofia chancelado pela UFG e atualmente faz teologia na PUC Minas Gerais. Congregação São Pedro Ad Víncula.