
Dentre vários aspectos elencados nos documentos conciliares, destaca-se o desejo premente da Igreja dialogar com o mundo em constante transformação. Por meio da Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” foram formulados os princípios orientadores para a missão da Igreja na sociedade. Nesse sentido, muito se tem avançado na tentativa de ouvir e atender os clamores dos pobres e excluídos, para que a Igreja se torne mais servidora e fiel ao projeto de Jesus Cristo. Claro que ainda há muito a se fazer, principalmente, quando percebemos a existência de velhas estruturas corrompidas por uma mentalidade ultraconservadora.
A dicotomia IGREJA X SOCIEDADE continua vigorando dentro das estruturas eclesiais. Para muitos, a Igreja é uma espécie de “ilha da perfeição”, isolada do mundo e de seus desafios, uma “alfândega para onde acorrem os justos e irrepreensíveis". Para esses, é inadmissível o envolvimento dos cristãos em questões sociais ou políticas já que a missão da Igreja é unicamente salvar almas. Passados tantos anos, ainda não entendemos o projeto de Jesus Cristo. A sociedade é o campo especifico de atuação dos cristãos leigos e leigas, a messe para a qual devemos nos dirigir corajosamente como anunciadores do Reino de Deus.
Por outro lado, a Igreja não pode se apresentar diante da sociedade como a detentora da verdade absoluta numa atitude impositiva. Não podemos perder de vista o pluralismo religioso e cultural em que vivemos, característica da contemporaneidade, fato que nos remete inegavelmente ao DIÁLOGO como condição fundamental para caminharmos na mesma direção. É hora de somar e não diminuir, multiplicar e não dividir as parcerias e esforços para a construção de uma nova sociedade, sem nos esquecermos de que não somos uma estrutura a parte, distante, estamos sim inseridos no mundo e na sociedade tal qual o “fermento na massa”, para testemunharmos a fé no Ressuscitado e construirmos assim o seu Reino.
Concluo com os apelos do Papa Francisco que a todo instante insiste numa Igreja em missão, uma Igreja para fora, uma comunidade acolhedora e servidora. Esse é o convite fundamental para todos nós cristãos leigos e leigas: ser presença evangelizadora em todos os setores da sociedade, sobretudo, nas periferias da humanidade.
Por César Augusto Rocha – Presidente do CNLB/NE I e Secretário Pastoral da Diocese de Tanguá.