O VOTO É HEREDITÁRIO - Revista Camocim

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O VOTO É HEREDITÁRIO

O Revista Camocim reproduz o artigo do Paulo Júnior, publicado em seu blog AQUI

Vamos logo para o porquê da indagação. Se fosse até o começo dos anos 70, poderíamos dizer que sim. Antigamente, o poder patriarcal era equiparado ao de um monarca absolutista, motivado muito pela falta de informação dos herdeiros e pela cultura contra a independência da formação da opinião. Ou seja, se o chefe da casa votava em candidato X, todos os familiares o seguiam. Se o patriarca torcia para time Y, os sucessores também o seguiam. Vez ou outra, havia um rebelde, mas era algo raro.

Aí veio a popularização da TV nas residências do país, a influência da mídia, o surgimento da internet e a criação de celulares com "super-poderes". Ou seja, surgiram novos formadores de opinião, e mais: os caciques familiares não tinham mais como controlar o modo de pensar de suas esposas, filhos e netos. Isso é evolução. A rebeldia é necessária, pois todos os líderes cometem erros, e alguém precisa mostrar isso. Porém, ainda existe na mentalidade de alguns políticos, a "rotulação" de algum grupo devido ao candidato que o patriarca vota. O que acontece: Muitos sucessores são ignorados pelos adversários, o que gera o surgimento de novas lideranças, o que é até bom.

Onde está o lado ruim? Eis que segue: o coronelismo e o clientelismo nunca mudaram, e seguem fortes como nunca em pleno século XXI, e com muitas pequenas lideranças surgindo de forma desordenada e heterogênea, acaba por surgir nenhuma força opositora contra os medalhões da política. Muitos políticos experientes se deixam levar pela cultura da "hereditariedade do voto", uma vez que o pai pode até influenciar no voto dos filhos, mas também não pode, e o filho intelectual pode sim influenciar uma rede de amigos. Ou seja, ainda acreditam no poder familiar, onde o poder econômico e científico é que fazem a engrenagem rodar.

Enquanto os políticos alienados seguem nessa onda da "herança de votos", os expertos buscam a "herança de ideias". Aí, este últimos, nunca saem do poder. E as novas lideranças que se elegem, sabem usar o sistema a seu favor. Parece um discurso corrupto, mas não é: Ser uma mudança não é ir contra o sistema da política, a dançar conforme a música com acordes diferentes. Fazer algo a mais, uma coisa simples que a sociedade busca. Voto não se herda, se vai atrás. Ó, políticos tontos, camarão que dorme a onda leva...

PS: Se eu voto em um cara, nada me obriga a votar na mulher dele, ou no filho, ou no sobrinho, ou no genro...