MEUS AMIGOS, BOM DIA! - Revista Camocim

quinta-feira, 1 de maio de 2014

MEUS AMIGOS, BOM DIA!

Revista Camocim reproduz a publicação do escritor  Raimundo Bento Sotero, postado no Facebook. Ele relata  o EPISÓDIO OCORRIDO NA AGÊNCIA DA CAIXA  ECONÔMICA FEDERAL DE CAMOCIM...

"É LEI DE GERSON , EM QUE SE LEVA VANTAGEM EM TUDO"


"Ontem, constatei, com tristeza, que o brasileiro, resguardando uma minoria, é a cara do brasiU, isto é, o reflexo daqueles que são os homens ditos públicos, os que fazem as leis e os que cuidam do cumprimento delas, estes que deviam agir com decência, com decoro, com honestidade etc. , tendo uma conduta digna, irretocável, para dar o bom exemplo a ser seguido pelos outros, o cidadão comum; mas, infelizmente, não é isto o que acontece e o que se vê entre as gentes, no dia a dia, é a cópia fiel daquilo que se dá na conivência das quatro paredes dos gabinetes luxuosamente decorados, onde prevalece a negociata, o toma lá dá cá, o desvio, a porcentagem, a rasteira... enfim, a famosa lei de Gerson, aquela de se levar vantagem em tudo! pois é justamente isto o que se dá também entre nós, pobres mortais! Senão vejamos: ontem, quando entrei na fila que se formava na ante-sala dos caixas, eu era o décimo primeiro e, assim, aguardava que o relógio batesse as dez pancadas do dia para, enfim adentrar ao recinto (que termo mais antigo e cafona) e efetuar o pagamento da conta de luz da minha pequena empresa, o que não pôde ser efetuado nos estabelecimentos conveniados por conta do valor acima do permitido àqueles locais. Pois bem, enquanto a nossa fila esperava e não parava de crescer, à feição de cobra criada, aumentando sempre e sempre, feito cacimba boa d’água, algumas pessoas chegavam, falavam com os guardas e seguiam para outros atendimentos, segundo diziam, pois iam falar com fulano, com sicrano e com beltrano, quando na realidade se dirigiam para ser atendidas justamente nos caixas, enquanto nós, guardadores dos princípios, (im)pacientemente aguardávamos a vez. Ora foram tantas as pessoas que, desavergonhadamente, cometerem este delito que, ao chegar a nossa vez de entrar, eu, que era o décimo primeiro, recebi a senha de número 51, o que seria consolo se pelo menos eu fosse amante da velha e boa água que passarinho não bebe, o que não é meu caso. Pois bem, seguindo o rosário dos desmandos, uma vez de posse da senha, o painel eletrônico só chamava aquelas ditas preferenciais e assim foi até meio dia, quando o sistema saiu do ar; aqui vale dizer que não tenho nada contra este direito, mesmo porque é legítimo; mas, em contrapartida, e o nosso direito? Por que não botavam pelo menos um caixa para nos atender?

Pois bem, horas depois, quando o sistema entrou novamente no ar, foi a mesma coisa, continuando aquele maldito painel gritando só pelas senhas preferenciais e, para agravar ainda mais a situação, havia uma senhora, saída sabe-se lá de onde, que aparentemente acabava de entrar na idade ditas dos idosos, a qual, sem pejo algum, tirava uma senha preferencial e dava-a a determinada pessoa, esta ainda bem jovem. Fez isto uma, duas, três... dez vezes! E na cara do guarda! Fez tantas que a certo momento eu a interpelei, perguntando se ela não tinha vergonha de fazer aquilo. Ela respondeu que não e se eu tivesse incomodado, que fizesse o mesmo, ao que lhe disse que não faria, pois tal procedimento não era correto e eu estava ali era para respeitar e ser respeitado e arrematei tudo isto dizendo que tinha vergonha de tal procedimento. Foi quando ela, feito fera, meteu o dedo em minha cara e saiu dizendo que iria à polícia fazer um boletim de ocorrência, pois eu estava chamando-a de sem-vergonha. Vejam só, meus caros leitores, como ela, segundo o que me respondeu, não fazia o que fazia por inocência; mas por pura sabedoria e falta de vergonha! Ora, vocês, que são polidos e aguentam o tranco, como rês que vai ao mourão para ser sacrificada, que me desculpem a franqueza, pois não posso mentir, e o que fiz foi acrescentar: “Então vá, seu cangaço de arraia!” Bem, até agora não recebi qualquer intimação!

Meus amigos, disto resultou que eu, que ia apenas fazer o pagamento de minha conta de luz; diante das circunstâncias, decidi sacar à conta até os centavos, que eram quatro. Não a encerrei porque o caixa não podia fazer a tal operação. Mas sexta-feira, se Deus quiser, lá estarei novamente; mas desta vez para encerrar de uma vez por todas minha conta corrente. Vai matar o cão de estresse, caixa do maldito"!