
O assistente da Diretoria de
Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Gianni Lima,
frisou que o Ceará enfrenta o segundo ano de secas muito intensas. "No
Sertão de Crateús e na Bacia do Curu este é o quinto ano seguido de seca
hidrológica", observou. "A perspectiva é de uma nova seca em grande
parte do Ceará, em 2015, segundo modelo atual do El Niño", adiantou.
Decorridos os dois primeiros
meses da quadra invernosa, o nível médio dos reservatórios permanecem
praticamente o mesmo em relação ao início deste ano, em torno de 30%. Dos 144
açudes monitorados pela Cogerh, apenas dois têm volume acima de 90% (Curral Velho,
em Morada Nova) e Gavião; outros 106 reservatórios estão com volume abaixo de
30%.
Gianni Lima disse que é
importante analisar a garanti
a de abastecimento ao longo dos meses, e não
apenas o percentual dos reservatórios. "Todas as cidades com problemas de
abastecimento, nas sedes urbanas, estão com solução garantidas ou em
andamento", frisou. "O esforço do governo é para evitar
colapso".
Até o momento, 15 adutoras de
engates rápidos já foram instaladas e mais nove serão implantadas. Quatro
cidades enfrentam situação mais crítica: Irauçuba, Canindé, Salitre e
Quiterianópolis. Todas com solução (adutora ou poços) realizada ou em
andamento.
Na madrugada e manhã de hoje a
Funceme registrou chuva em 56 municípios. As cinco maiores precipitações
ocorreram em Aracati (55mm), Fortaleza (51mm), Missão Velha (40 mm), Barbalha
(37mm) e Crato, no Lameiro (35mm). Choveu ainda em Barro (33mm) e Juazeiro do
Norte (29mm). Parte da região Sul do Ceará foi a mais favorecida.
Bastou uma chuva de 55mm para
alagar vários pontos da cidade de Aracati, na região do Vale do Jaguaribe. Na
Rua do Centro Histórico, onde há diversos casarões tombados, uma lagoa se
instalou em frente à Câmara Municipal. No entorno da Rodoviária, os motoristas
tiveram que dirigir cautelosos, por conta da água que encobriu alguns buracos
na via pública.
Na Rua Joaquim Ponciano, os
moradores reclamaram de pontos de alagamentos. Segundo o radialista, Wagner
Guiot, as obras de drenagem anunciada pela Prefeitura, no valor de R$ 300 mil,
estão atrasadas. A insatisfação da população veio após uma chuva de 100mm que
deixou a rua alagada. Sem data de previsão para iniciar os trabalhos, moradores
arrancaram a placa que anunciava o serviço.
A meteorologista da Funceme,
Dayse Moraes, disse que a tendência para este fim de semana é de retorno das
chuvas, porquanto um ramo da Zona de Convergência Intertropical (principal
sistema causador de chuva no Ceará) está se aproximando do Estado. "Nos
últimos dias, um Cavado de Altos Níveis (CAN) atuou sobre o Ceará, impedindo a
formação de nuvens de chuva, mas esse sistema está se afastando",
explicou.
Na próxima segunda-feira,
durante a reunião do Comitê Integrado da Seca, no Auditório do Comando Geral do
Corpo de Bombeiros, em Fortaleza, a meteorologista da Funceme, Meiri Sakamoto,
vai apresentar previsões climáticas até junho. Serão apresentados dados e
tendência a partir das condições termodinâmicas dos oceanos Atlântico e
Pacífico e da atmosfera. Também serão considerados os modelos atmosféricos da
Funceme e de várias instituições nacionais e internacionais.
A nova previsão da Funceme vai
mostrar que as condições atuais permanecem desfavoráveis às precipitações na
maior parte do Ceará. O quadro da estiagem no Estado permanece. Neste ano, a
Funceme já divulgou dois prognósticos oficiais de chuva e, na última semana
deste mês, um terceiro documento confirma a tendência de irregularidade nas
precipitações até o mês de junho.
De acordo com o terceiro
prognóstico, a maior probabilidade é de que as chuvas fiquem abaixo da média
histórica no trimestre abril - maio - junho na maior parte do Ceará, numa área
que se estende da Região Central ao Sul do Estado. Apenas na parte Noroeste,
entre o Litoral Norte a Região da Ibiapaba, os modelos sugerem maior
probabilidade de chuvas em torno da média histórica.
Essa atualização do
prognóstico inclui os dois últimos meses da quadra chuvosa e o primeiro mês da
pós-estação (junho). Em janeiro, quando a média histórica é de 98,7 milímetros,
choveu somente 46,7. A média em fevereiro é de 127,1mm e foram registrados
92,9mm. O mês de março ainda não terminou, mas a média mensal é de 206,2mm e
houve precipitações de apenas 122,9mm em 27 dias. Até ontem, choveu apenas
40,4% da média para o período no Estado. As precipitações menores tornam-se mais
grave no Estado, que já registra, nos últimos dois anos, uma das piores secas.
Mais informações
Fundação Cearense de
Meteorologia (Funceme)
(85) 3101. 1107
Cogerh
(85) 3218. 7038
Honório Barbosa
Repórter