Ontem, em menos de 24 horas, Camocim
engoliu a seco dois assassinatos bárbaros. O primeiro foi o José Wellinton
Gomes da Silva, mais conhecido como “Jacaré”, ele foi degolado no início da
madruga num terreno baldio, próximo a Igreja de São Pedro, entre as Ruas 24 de
Maio e Santos Dumont. O segundo crime bárbaro ocorreu no fim da tarde, por
volta das 17h30min, na Rua 24 de Maio, no Bairro da Praia, onde um homem de
nome Jailson teve seu crânio aberto devido a violência de um golpe de “facão”.
Os dois mortos, segundo relatos, tinham envolvimento com drogas e
consequentemente não levavam uma vida regrada, o que não justifica, de forma
alguma, seus assassinatos.
Nos dois recentes crimes, além da
crueldade, o que chama atenção é o envolvimento de menores. Isso é grave. Requer
de toda a população uma profunda reflexão sobre os rumos que nossas famílias estão
tomando. Não se trata de uma particularidade de Camocim, muito menos um fato isolado, por tanto, não pode ser encarado como
uma mera consequência do forte advento das drogas na sociedade. Não é só isso. A situação é muito mais abrangente
e que envolve vários fatores sociais no campo das politicas públicas da saúde,
ação social, moradia, educação, segurança, emprego, cultura, NAS RELIGIÕES, na
própria família, dentre outras estruturas que, sem nos darmos conta, ajudamos a
construir ou patrocinamos sua permanente manutenção.
Antes, é interessante aceitar que quando um
jovem ou um adulto atenta contra a vida de outro, ele não pega na arma sozinho,
não é somente a mão dele que efetua o disparo ou difere os golpes de facão, mas
sim, milhares de mãos, numa situação complexa da qual estamos incluso.
O fenômeno da violência requer
uma ação e reação da sociedade para além do exigido e necessário imediatismo policial
e da modificação do conjunto de leis que regem o País.
A situação não é fácil, mas
precisa ser encarada como requer o problema, sendo discutido intensamente e cotidianamente
NA VIDA COMUNITÁRIA, sem preconceitos e quebrando tabus, caso contrário seremos
sempre reféns e vitimas de nós mesmos. Não existe uma fórmula pronta, capaz de eliminar a mazela da noite pro dia, porém, ainda existem homens e mulheres com a capacidade de organização e que acreditam na promoção coletiva do bem, fazendo uso da única força capaz de salvar o mundo, o Amor.
Carlos Jardel