SOTERO: PRA MIM, A CULPA É DESTE ECA, QUE NÃO PASSA DE ECA! - Revista Camocim

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

SOTERO: PRA MIM, A CULPA É DESTE ECA, QUE NÃO PASSA DE ECA!

Ontem, à noite, por volta das 10h, quando costumeiramente voltávamos para casa, vindos da ronda noturna em visita aos amigos e parentes; no exato momento em que abríamos o portão, passavam pela rua três crianças (segundo o entendimento do Estado), o que para nós eram três monstros (segundo nosso entendimento e medo), em suas bicicletas mutiladas (só os pneus e o varão) signo característicos dos ditos "dimenores", malfeitores e usuários do crak. Pois bem, ao perceberem nossa presença, largaram seus veículos e vieram ameaçadoramente para nós. A sorte é que não me atrapalhei nas escolhas das chaves e em poucos segundos consegui desvencilhar-me do portão, ficando em segurança pelo lado de dentro. 

Contando assim, não parece que foi assustador; mas para nós, que vivemos aquele momento, foi sim. Tão assustador que minha pequena Maria Alzira, que ainda não fez quatro anos; más já ciente dos perigos da vida, ficou lívida e falava conosco aos cochichos, por medo. Só quando estávamos quase totalmente seguros, no quarto de dormir, ela perguntou à Rogelma se poderia falar normalmente. Nesse instante fiquei com pena de ter botado num mundo tão cruel uma tão doce criatura.

Meus amigos, não foi infundado o nosso pavor, pois no dia anterior, à luz do dia, assaltaram sob a mira de revólver, pistola, talvez canhão, a nossa amiga Anísia, dela levando sessenta mil contos de réis. No mesmo instante, assaltaram outra pessoa na Praça da Matriz e logo mais, à tarde, uma farmácia no Bairro Boa Esperança. Neste último, o da farmácia, a polícia logrou êxito e prendeu os meliantes, um "dimenor", este que praticou o delito com a ajuda de um adulto. Quando chamaram a dona do comércio para o reconhecimento dos ladrões, e ela respondeu afirmativamente, reconhecendo o maldito "dimenor", este disse: "Pois bem, você me reconheceu e agora eu vou lhe matar. Vou roubar e depois matar." disse isto diante das autoridades e da mãe dele. Ora, eu se fosse ela, fecharia o estabelecimento comercial e me mudaria para outra cidade, pois ele vai matá-la mesmo, porque não tem compromisso com a vida, pois para eles tanto faz matar uma pessoa ou uma barata. Não é a toa que crassa a violência por todo o Estado, o que dá a nossa capital o desabonador título da sétima cidade mais violenta do mundo.

Você sabe de quem é a culpa deste disparate? Se não sabe, eu vou lhe dizer: a culpa é do Estado que trata estes monstros como crianças, dando assim carta branca para estes malditos nos matarem. A meu ver, se eles têm idade para estuprar, roubar, matar e votar para presidente, também têm idade para responder criminalmente pelo que fizerem de errado.

Assim, segundo meu entendimento, quando um deles mata um cidadão, quem matou de fato foi o Estado, que tornou o maldito "dimenor" forro de qualquer culpa e segue dando guarida a tantos marginais.

Meus amigos, onde está a saída para este mal? Não sei; mas ouço dizer que não vale a pena a redução da maioridade penal. Alguns botam culpa na falta de educação, pela falta de escolas de qualidade; outros dizem que a culpa é da disseminação das drogas. Não sei; mas sei, no entanto, que no meu tempo de menino não havia escolas, muito menos de qualidade, como também já havia o comércio ilegal das tão mal faladas drogas e ninguém da minha geração se perdeu. Pra mim, a culpa é deste ECA, que não passa de eca!
Diante de tão crescente violência, só nos resta a dura alternativa de nos deixar matar, pois se arrostarmos o perigo dos "dimenores" bandidos, chegando ao ponto de matar um deles em legítima defesa, então seremos mortos pelo Estado, tão descuidoso de nós, mas cioso daqueles.

Meus amigos, um conselho: se acontecer de algum de vocês, na defesa própria, ou da família, matar algum destes malditos, suicide-se em seguida, negando-se assim de ver o zelo que o Estado tem por aqueles contra você.


Em tempo, isto só vai mudar quando os "dimenores" começarem a matar algumas autoridades o que sinceramente espero seja breve; de preferência um ministro do supremo!

Raimundo Bento Sotero