Chega final do ano e boa parte dos pais quer
uma clássica foto do filho com o Papai Noel. Mas, após enfrentar uma fila
imensa no shopping para então ficar perto do tal personagem a criança abre o
maior berreiro. A cena é muito comum e a recomendação de psicólogos é não
forçar a criança pois para seu filho aquela é uma figura estranha. Sim, apesar
de ver na TV, nas ruas, aquele homem não frequenta a sua casa, não é seu avô
nem amigo do papai e da mamãe.
“Que sentido faz para um
adulto querer ter a foto do seu filho no colo de uma pessoa estranha vestida
com roupas de inverno em pleno verão?”, questiona a psicóloga e educadora Jolie
Hanna Luba, 43. Ela explica que muitas
vezes as crianças, principalmente as que são um pouco maiores, acabam posando
ao lado do bom velhinho para agradar nós, adultos. “Quando o adulto faz questão
que alguma coisa aconteça. Ele está dando uma mensagem de que aquilo é
importante para ele. A criança tem um desejo inerente de agradar o adulto e vai
se comportar para tal”, afirma.
A psicopedagoga Maíra
Scombatti, 34, acredita que os pais devem tratar com naturalidade a figura
natalina de acordo com as crenças e formas de viver de cada família. “Mesmo sem
‘apresentar’ a figura do Papai Noel em casa, a criança um dia vai ter esse
contato e os pais devem estar preparados para esse momento e para as perguntas
que virão”, diz. Para ela, se a criança esboçar medo ao ter contato com o bom
velhinho, ela deve se afastar e os pais explicarem que é um personagem, como o
das histórias de livros.
Fonte: Folha de São Paulo
Jolie orienta os pais a pensar
na sua infância para ver se desejam fazer igual ou diferente. Se os pais
quiserem, podem simplesmente eliminar da casa a figura do Papai Noel. “A casa é sua e você tem o direito de
cozinhar a porcaria que quiser comer ou a dieta mais saudável do universo, não
é? Então, porque com o Papai Noel tem que ser como todo mundo faz?”, questiona.
Para a psicóloga, também não há problema algum para os pais que querem seguir
as tradições de fim de ano com direito a parente vestido de Papai Noel com um
saco cheio de presentes.
Maíra conta que não
‘apresentou’ o Papai Noel aos filhos Theo, 4, e Ian, 1, mas não proibiu a
família de fazer isso. “Theo outro dia fez a fatídica pergunta: ‘mamãe, Papai
Noel existe?’. Na hora a resposta que me veio foi outra pergunta: ‘você quer
que ele exista?’. E como ele respondeu que sim, eu disse que enquanto ele
quiser, ele vai existir”, comenta. A psicopedagoga disse que ficou esperando
mais perguntas e pedidos de presentes, mas que eles não vieram.
Outra atitude que é muito
comum entre os pais e que não é a mais correta é ‘ameaçar’ a criança. “Se você
não comer, o Papai Noel não vai te dar presente”, “se não obedecer, o Papai
Noel não vai te visitar”, diz Jolie. As crianças frequentemente testam o
comportamento dos adultos e para a psicóloga, ao apelar para o Papai Noel
mostramos que não temos comando algum. “Se é hora de tomar banho, fale que é
agora é hora do banho e esteja determinado de que é isso é importante naquela
hora”, orienta.
Para Maíra, a ‘chantagem’ com
a figura do Papai Noel é ainda mais complicada pois uma hora a criança vai
crescer e descobrir que ele não existe. “Quando essa descoberta acontece depois
de uma experiência lúdica e amorosa, ela pode ser tranquila, mas quando há
chantagem envolvida, o risco de a
criança se sentir desrespeitada é grande”.
Em casa as crianças acreditam
no Papai Noel, mas não topam tirar foto nem chegar perto do bom velhinho. E com
os seus filhos, como funciona essa relação com o Papai Noel?
Folha de São Paulo