Setores católicos discutem o
que é interpretado como relativização do dogma. Papa disse que cada um deve
seguir o bem e combater o mal conforme os concebe
A coletiva de imprensa
convocada ontem pelo padre Federico Lombardi para falar sobre o “G8 dos
cardeais” e a reforma da Igreja deu lugar a muitas perguntas sobre as condições
em que a entrevista foi conduzida pelo fundador ateu do jornal, Eugenio Scalfari,
o nível de confiabilidade das declarações do papa e a fidelidade das frases
transcritas.
Duas declarações em particular
ecoaram nos círculos católicos: quando ele disse que “o proselitismo é um
erro”, e quando deu a impressão de relativizar o dogma cristão.
“Cada um de nós tem a sua
visão do bem e do mal (...). Todos devem optar por seguir o bem e combater o
mal como o concebe. Isso seria o suficiente para melhorar o mundo”.
De acordo com o padre jesuíta,
o papa inaugura “novo modo de expressão ao qual não estamos habituados”.
“Não havia nenhuma razão para
fazer correções. Se o papa tivesse a intenção de negar ou afirmar que houve má
interpretação, ele teria dito”, comentou.
A publicação da entrevista de
três páginas concedida a um jornal de esquerda, antes da abertura do “G8” para
reavivar a Igreja Católica, é em si uma revolução.
Para isso, Francisco recebeu
na semana passada na residência Santa Marta o fundador ateu do jornal, Eugenio
Scalfari, com quem já havia dialogado em colunas interpostas no La Repubblica,
em setembro.
O pontificado de Francisco,
conservador em relação à obediência à Igreja e a moral, mas radical sobre o
desenvolvimento social, continua a ser paradoxal. (das agências)
O POVO
Saiba mais
Diante de 45 mil fiéis no
Vaticano, o papa Francisco indagou: “Como pode ser santa uma Igreja que
atravessou momentos de escuridão e que é constituída de homens pecadores,
padres pecadores, freiras pecadoras, de bispos pecadores, de cardeais
pecadores, de papas pecadores?”. E respondeu: “É santa pois procede de Deus”.
Francisco criticou a tradição
da Igreja de buscar a tentação da pureza, que exclui os outros. Ao contrário,
insistiu, “a Igreja chama todo o mundo, está aberta aos mais afastados. Deus
não é um juiz sem piedade”.