Pátria independente, será? Quantos desfiles cívicos precisaremos realizar para nos convencermos desta verdade tão difícil de ser ingerida?! Nossa história manchada de suor e sangue, sempre foi marcada pela torpe ganância de uns poucos em detrimento à miséria de muitos, pela valentia de tantos heróis esquecidos, ignorados pelos que detém o controle da história. Ah, infâmia, que sempre acobertou a verdade e o justo julgamento dos fatos! Como acreditar em independência, no valor absoluto da liberdade se a voz de meu povo continua abafada, suprimida covardemente pela força do dinheiro e da impunidade, se continuamos regando o solo desse país com nosso suor, com nossa incansável labuta para manter os privilégios de uma pequena aristocracia que insiste em nos tratar como massa de manobra, gado encurralado nos apriscos da ignorância.
Nessa madrugada, enquanto todos se preparam para celebrar essa tal independência logo mais pelas ruas do país, como outrora diante dos ditames da vergonhosa ditadura, fico acabrunhado e vexado em ser brasileiro, sonhando e acalentando a esperança de ver um dia uma pátria diferente, decente para a minha filha que ainda não compreende bem o real significado desse patriotismo mentiroso. Quem sabe eu possa um dia sair pelas ruas e ver no semblante de cada brasileiro, o sorriso que brota de uma verdadeira independência, a justiça brincando nas praças de mãos dadas com a dignidade e o respeito a essa nação. Aí sim, vou poder gritar bem forte, VIVA A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL!
César Rocha
Estudou filosofia , é bacharel em Serviço Social, músico, Presidente Regional do Conselhos de Leigos da CNBB Nordeste I, Secretário Diocesano de Pastorais da Diocese de Tianguá e cronista do Revista Camocim.
