As perspectivas do debate que
ocorrerá hoje à noite para definir os rumos de um grupo de parlamentares
cearenses filiados ao PSB - por divergirem com o diretório nacional do partido
- repercutiram na sessão de ontem da Assembleia Legislativa por alguns aliados
do governador Cid Gomes, após ele afirmar que pelo menos 10 deputados estaduais
e quatro federais cogitam a saída da legenda, além de prefeitos da sigla. Entre
elogios à atual gestão e críticas ao que está sendo feito pela cúpula nacional
da sigla, os parlamentares pessebistas se mostraram apreensivos com o destino
da agremiação.
No encontro que ocorrerá hoje,
o governador Cid deverá anunciar a saída do PSB, podendo adiantar para qual
partido vai migrar. A atitude é tomada após uma série de atitudes que ele
considera hostis do governador de Pernambuco e presidente nacional da legenda,
Eduardo Campos, ao sinalizar uma candidatura a presidente da República nas
eleições do próximo ano. Cid Gomes já assegurou que fará palanque para a
presidente Dilma.
O deputado Roberto Mesquita
(PV) lembrou que há quatro anos o PSB, que tinha nome para pleitear a disputa
presidencial - o atual secretário de Saúde do Estado, Ciro Gomes - afastou a
hipótese, visto que havia interesses do presidente do partido, o governador
Eduardo Campos, em manter-se ligado ao Governo, devido aos investimentos em
Pernambuco.
"O governador de
Pernambuco queria encher a sua barriga e hoje está de barriga cheia. O maior
pecado dos Ferreira Gomes foi não ter o domínio completo de um partido. Nós
temos uma Refinaria e grandes obras estruturantes a serem iniciadas. Nós temos uma
máquina arrecadadora bastante eficiente, mas dependemos hoje das transferências
da União". E questionou: Por que hoje ele (Eduardo Campos) quer sair?
Porque depois de ser engordado, quer colocar os outros a seu serviço".
Diário do Nordeste
O pessebista Sineval Roque
salientou que Cid Gomes dará prosseguimento às obras iniciadas em seu Governo,
ressaltando que diversas intervenções estão em curso. "Antes do governador
Cid, outros governadores jamais fizeram o que ele fez até agora. Mesmo com
muitos candidatos em condições de ser governador, dificilmente vai atingir a
marca do Governo Cid Gomes", salientou o governista.
Ely Aguiar (PSDC) destacou as
ações da atual gestão para o Cariri, graças, segundo ele, ao trabalho do
Governo do Estado e de parlamentares que representam a região. Welington Landim
(PSB) lembrou que a executiva se encontrou na noite da última terça-feira,
ressaltando que a decisão do governador Cid foi prudente. "Todo o Ceará
sabe que, quando terminou o ciclo Lula, o companheiro Ciro desejava ter
candidatura e o nosso partido disse que nós tínhamos compromisso com o PT e com
a eleição de Dilma. Naquela época, havia análise de possibilidade real de
chegarmos ao segundo turno, mas a pretensão foi barrada pela decisão do
partido".
Ele lembrou que, por
determinação da executiva nacional, entre julho e agosto, em todos os
municípios do Ceará foram formados os diretórios municipais. "Caso haja
uma intervenção, os rumos seriam muito difíceis para os deputados que já
estarão em uma candidatura. Para nós que vamos para uma reeleição, sermos pegos
com as calças nas mãos seria um prejuízo irreversível", reclamou.
Já o líder do Governo na
Assembleia, José Sarto (PSB), afirmou que todas as precauções legais serão
tomadas. "Se o convite feito à ex-prefeita e ao deputado Heitor Férrer, se
foi feito pela Executiva Nacional, será um ato de hostilidade", apontou.
Lula Morais, do PCdoB, disse
estar preocupado com o posicionamento de Eduardo Campos, opinando que ele irá
"se juntar com muita gente ruim na política desse País". "O PSB
sozinho me parece que é pequeno para se colocar em uma disputa eleitoral. A
nossa preocupação é com o Brasil e temos consciência que Cid Gomes ´bate´ com
nosso pensamento". Sergio Aguiar (PSB) lembrou que o momento é de manter a
coerência de fortalecer a legenda regionalmente e pensar em uma candidatura
presidencial somente em 2018.
Eliane Novais (PSB), único
quadro do partido favorável à candidatura de Eduardo Campos à presidência da
República, fez um histórico da situação do partido na direção de Cid Gomes e
disse que o governador, por diversas vezes, hostilizou membros da sigla.
"Se o Governador Cid não
vai apoiar Eduardo Campos aqui no Ceará para disputar a presidência da
República, é natural que o partido procure viabilizar um palanque local
procurando nomes que tenham afinidade com o campo progressista. O Presidente
Nacional do PSB, Eduardo Campos, realmente teve pelo menos dois encontros com a
ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, e ligou para o deputado Heitor
Férrer", disse.
Em resposta a Novais, Sarto
afirmou que Cid tem um compromisso com o Ceará e com a presidente Dilma
Rousseff, mas não condenou a tentativa de Eduardo Campos em tentar candidatura
para o Executivo Nacional. "Pode acontecer de o partido sair dessa eleição
menor do que entrou", ponderou.
.jpg)
