No alto da Serra do Estevão, em Dom Maurício, distrito de Quixadá, repousa silencioso um dos locais mais simbólicos da história religiosa do sertão: o cemitério das freiras missionárias que dedicaram a vida ao cuidado e à fé na região. Com mais de 100 anos de história, o espaço preserva a memória de mulheres que marcaram gerações com sua atuação espiritual, social e educacional.
O local fica ao lado do antigo Mosteiro de Santa Cruz, fundado em 1899 por monges beneditinos vindos de Olinda (PE), que buscavam um refúgio mais saudável em meio às epidemias que assolavam o litoral. Trinta anos depois, em 1929, o mosteiro passou a abrigar as Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição (SMIC), convidadas pelo então arcebispo de Fortaleza, Dom Manuel da Silva Gomes.
Desde então, a presença das religiosas transformou a comunidade local — com ações voltadas à saúde, educação e evangelização — e construiu um forte elo afetivo entre as irmãs e os moradores da serra. Esse vínculo permanece vivo no cemitério, onde já foram sepultadas 38 irmãs. O último sepultamento aconteceu em 2021.
“É como se a maior parte da nossa comunidade estivesse aqui”, disse a irmã Maria Nilsa Lima, ao destacar o valor simbólico do local. O espaço é simples, cercado pela natureza, e transmite um profundo clima de paz. A manutenção é feita pelas próprias irmãs, que cuidam da limpeza e organizam celebrações, especialmente no Dia de Finados.
Além de guardar a história, o cemitério também se prepara para receber mais memórias: há um processo de regularização junto à prefeitura, que pode permitir a transferência dos restos mortais de irmãs sepultadas em Fortaleza. A ideia é reunir em um só espaço todas aquelas que dedicaram a vida à missão no sertão.
Discreto e de acesso restrito, o cemitério centenário das freiras é mais do que um campo-santo: é um patrimônio espiritual e cultural de Ceará. Um pedaço de história preservado entre o silêncio da serra e a fé de uma comunidade que jamais esqueceu suas
Com informações de Diário do Nordeste.

