A relação da prefeita Betinha com a Guarda Civil Municipal de Camocim não é um problema pontual. É um projeto de desimportância. Nada acontece por acaso. Quando uma categoria passa anos tentando ser recebida para discutir plano de cargos e carreiras e não consegue, não estamos diante de descuido, mas sim, estamos diante de escolha política.
A escolha, no caso, foi ignorar.
A estrutura física da Guarda é um retrato fiel da prioridade dada à segurança municipal: uma sede acoplada a outras repartições, aparência de improviso permanente, equipamentos antigos, viaturas sucateadas. Não por falta de tempo, não por falta de demanda, por falta de vontade.
E quando a Polícia Federal realiza uma operação que expõe guardas municipais publicamente, qual é a postura institucional esperada de uma gestora? Amparo institucional, defesa da integridade dos servidores, até porque foi a própria ausência de política pública para a categoria que criou parte do problema.
Mas o que se viu foi silêncio constrangedor embalado em nota burocrática. Nem um gesto mínimo de solidariedade. Nada. A prefeita preferiu deixar os guardas ao vento. E não se trata de defender ilegalidade; trata-se de entender que o poder público tem o dever de proteger seus agentes enquanto promove correções.
A cereja do bolo? A gestão nunca tomou providências sérias para garantir armamento institucional adequado, um dos motivos pelos quais os guardas se viram expostos na operação. Em Camocim, o desconforto dos agentes não é acidente administrativo: é consequência direta da omissão.
Na política, prioridades não se medem por discursos, medem-se por estrutura, investimento e atitude.
E diante da Guarda Municipal, a gestão Betinha preferiu a pior política possível: a da invisibilidade acompanhada de abandono.
Carlos Jardel

