Vítimas de chacina em Itapajé eram membros do Comando Vermelho e teriam sido atraídas para emboscada - Revista Camocim

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Vítimas de chacina em Itapajé eram membros do Comando Vermelho e teriam sido atraídas para emboscada



As investigações iniciais sobre a chacina registrada em Itapajé, no Interior do Ceará, na última quinta-feira (31), apontam que as vítimas eram integrantes da facção carioca Comando Vermelho (CV) e teriam sido atraídas para uma emboscada. Ninguém foi preso por participação na matança, até a publicação desta matéria.


A reportagem apurou, com fontes da Polícia Civil e da Polícia Militar, que as vítimas são jovens do sexo masculino (com idades entre 17 e 22 anos), que trajavam blusas longas e calças jeans, além de utilizarem balaclavas, quando foram assassinadas.


As vítimas foram identificadas como:


  • Carlos Alexandre Alves de Souza, de 22 anos;
  • Emerson Gomes Soares, 19 anos;
  • Jonas Matheus dos Santos, 21;
  • E um adolescente de 17 anos (identidade preservada em razão da menoridade).


Os quatro corpos foram encontrados com marcas de disparos de arma de fogo na Rua Romão Ferreira Lima, no bairro Esmerino Gomes. Entretanto, a Polícia não encontrou munições deflagradas no local, o que indica a possibilidade de que os tiros podem ter sido efetuados em outro lugar e os cadáveres deslocados até aquela Rua. Outra hipótese investigada é de que os atiradores podem ter recolhido as cápsulas dos locais.


A Polícia acredita que as vítimas foram atraídas para uma emboscada, em um lugar onde foram surpreendidos e assassinados pelos criminosos. 


Apesar da Rua Romão Ferreira Lima ter muros pichados pela facção rival Primeiro Comando da Capital (PCC), a autoria da chacina ainda é investigada. Os policiais estranharam a pichação próximo aos corpos das vítimas e não garantem o envolvimento da organização criminosa com a matança. Há linhas de investigação para o PCC, para o próprio CV e para outros grupos criminosos que atuam em Itapajé.


Dos quatro mortos, apenas Emerson Gomes respondia a um processo criminal por uso de entorpecente após ser preso com 5 gramas de cocaína em Itapajé. Ele foi condenado, mas teve a punibilidade extinta por ter cumprido seis meses de medidas cautelares com uso de tornozeleira eletrônica.


Reforço policial na região


Questionada sobre a chacina em Itapajé, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) garantiu, em nota divulgada na manhã da última quinta-feira (31), que "todos os esforços das Forças de Segurança estão sendo empregados neste momento para localizar e capturar os suspeitos envolvidos nas mortes". Porém, ninguém foi preso pela matança, até a publicação desta matéria.


Equipes da Polícia Militar do Ceará (PMCE), da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) e da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) foram acionadas e estão no local realizando os primeiros levantamentos sobre o fato."


Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará


Em nota


Segundo a SSPDS, os policiais civis da Delegacia de Itapajé receberam apoio do Departamento de Polícia Judiciária do Interior Norte para a investigação do caso.


Já no policiamento ostensivo, houve reforço com policiais militares do 11º Batalhão, do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), do Policiamento Ostensivo Geral (POG) e da Força Tática (FT) que atuam na região.


A matança ocorreu poucas horas depois do prefeito de Itapajé, Nonatinho, se reunir com o secretário da Segurança do Ceará, Roberto Sá, na noite da última quarta-feira (30). Conforme publicações nas redes sociais, o objetivo da reunião era traçar estratégias de melhoria da segurança na região.


Chacina ocorrida há sete anos


O Município de Itapajé foi palco de outra chacina, há mais de sete anos. Dez detentos foram mortos durante o banho de sol, na Cadeia Pública de Itapajé, na manhã de 29 de janeiro de 2018.


As investigações policiais apontaram que a chacina foi motivada por uma briga entre as facções criminosas Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital. Apenas um agente penitenciário atuava na Unidade no momento dos assassinatos.


Sete acusados de participarem da chacina foram condenados pela Justiça Estadual a uma pena somada que ultrapassa 1.350 anos de prisão, em abril de 2022, em um julgamento que durou mais de 21 horas. Em abril deste ano, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) manteve as condenações.


Diário do Nordeste