Uma oração que comparou "homossexualismo e lesbianismo" a doenças foi lida durante um evento católico em Juazeiro do Norte, no Interior do Ceará, na última terça-feira (5), e gerou revolta entre a comunidade LGBTQIAP+.Uma oração que comparou "homossexualismo e lesbianismo" a doenças foi lida durante um evento católico em Juazeiro do Norte, no Interior do Ceará, na última terça-feira (5), e gerou revolta entre a comunidade LGBTQIAP+.
Isso porque os termos corretos para identificar a orientação sexual de homens que se relacionam com homens é homossexualidade, enquanto a de mulheres é lesbianidade. O sufixo "ismo", empregado no evento católico, é pejorativo porque a condição, mesmo sem embasamento científico, já chegou a ser considerada um distúrbio mental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) só deixou de considerar como doença no dia 17 de maio de 1990, quando tirou a "condição" do Código Internacional de Doenças (CID).
"Jesus, quebre todas as muralhas de doenças, sejam elas quais forem. Principalmente o câncer, depressão, dependência do álcool, drogas, prostituição, homossexualismo, lesbianismo", diz trecho.
A oração foi feita por uma assistente do padre que comandava a celebração. O momento ocorreu durante o evento Cerco de Jericó, promovido pela Associação Filhos Amados do Céu (FAC), e repudiado pelo Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da População LGBT do Crato, junto com o CTrans.
"É inaceitável e extremamente grave que em pleno 2025, a orientação sexual de milhares de pessoas seja colocada lado a lado com doenças e vícios, sendo tratada como algo que precisa ser "quebrado" ou "curado". Isso é preconceito. Isso é desrespeito. Isso é LGBTfobia", pontua o texto.
Conselho LGBT do Crato e CTrans
Entidades LGBTQIAP+
Conforme a nota de repúdio, "as consequências desse tipo de discurso são reais: alimentam o ódio, reforçam o estigma, desumanizam corpos e subjetividades que já enfrentam inúmeras barreiras sociais, afetivas e institucionais, especialmente em regiões do interior como o Cariri".
Comunidade católica se pronuncia
Em nota pública, a FAC, "por meio de seus fundadores", fez uma retratação com a comunidade LGBTQIAP+ e informou que adota "todas as medidas possíveis e cabíveis para solucionar o ocorrido".
"Reitera que não houve e nem haverá, por parte desta Comunidade Católica, o intuito de promover discriminação ou ódio em desfavor de qualquer grupo, segmento, comunidade ou instituição, haja vista não corresponder os com nossos valores espirituais", afirma nota.
O texto foi assinado pelos fundadores da Comunidade, Padre Sebastião Monteiro, Carlos Edudardo Pereira Nicolau e Maria Dalvani Silva Vieira, que reproduziram a nota em suas redes sociais.
Diário do Nordeste