O vereador Maiko de Morais da Costa, o Maiko do Chapéu, réu por tortura, agressão e ameaça contra a ex-companheira, a fisioterapeuta Suânia Dias, retornou ao seu mandato na Câmara Municipal de Várzea Alegre na última semana, após afastamento de 60 dias. A vítima divulgou nesta quarta-feira (2) um vídeo relatando o episódio de violência, e pediu por uma punição mais severa e justiça por seu caso.
Ao Diário do Nordeste, Suânia compartilhou o sentimento de revolta e disse que "o processo está em andamento e estamos esperando a justiça o mais rápido possível".
Maiko do Chapéu virou réu na Justiça cearense em 7 de fevereiro deste ano, e foi denunciado três dias antes. Ele responde pelos crimes de tortura, lesão corporal de natureza grave, ameaça e violência doméstica.
A presidente da Câmara de Várzea Alegre, Menésia Simião, confirmou à reportagem nesta quarta o retorno do vereador, e disse que a punição de somente 60 dias foi estabelecida por lei, pelo Código de Ética da Casa Legislativa. Ele informou que a Comissão de Ética indicou que a mesa diretora revisasse o código.
"A mesma Comissão indicou que a Mesa Diretora refaça o Código de Ética, A mesa diretora deve apresentar ao Plenário no segundo semestre as mudanças propostas", informou a vereadora.
Segundo consta na Justiça Eleitoral, Maiko foi desfiliado do MDB em março deste ano, após o caso repercutir. Atualmente, ele está sem partido.
'Tomo medicação para dormir e acordar, e ele solto'
Em vídeo publicado nesta quarta, a vítima, Suânia Dias, falou em público pela primeira vez sobre as agressões que sofreu do ex-namorado na noite do dia 17 de dezembro de 2024. Ele quebrou o celular dela, a agrediu, rasgou suas roupas e a ameaçou com uma faca nas partes íntimas.
Enforcamento e agressões
Segundo o documento obtido pela reportagem, o parlamentar chamou a ex para mostrar o diploma de vereador dele, "ocasião em que comprou bebidas alcoólicas para comemorarem. Após a comemoração, a vítima adormeceu". Quando a mulher acordou, flagrou o político mexendo no celular dela, tendo ele questionado se ela tinha saído com outro homem.
"A vítima respondeu que não estava mais envolvida com o acusado. Foi então que o acusado arremessou o celular da vítima no chão e desferiu um tapa em seu rosto. O acusado conduziu a vítima até o quarto, onde continuou as agressões, enforcando-a, segurando seus punhos e arremessando-a na cama por diversas vezes com a finalidade de obter declarações da vítima sobre eventual relacionamento paralelo. Após essas agressões, o acusado saiu do quarto, momento em que a vítima conseguiu fugir, dirigindo-se para a frente da casa de sua genitora. Durante o trajeto, o acusado passou a persegui-la. O acusado, então, pediu para que a vítima retornasse à casa, prometendo que não lhe faria mais mal. Acreditando em sua palavra, a vítima decidiu voltar"
MPCE, na denúncia
Conforme ainda a denúncia, as agressões continuaram. O acusado teria pegado uma faca e dito: "hoje você não vai morrer, mas vou tirar a minha própria vida aqui na sua casa para você levar a culpa para o resto da sua vida”. A vítima, então, pediu para que ele não cometesse tal ato".
Já no banheiro da casa e ainda com a faca em mãos, Maiko teria exigido que a vítima se ajoelhasse e em seguida rasgado a camisa e a calcinha da mulher. Despida, a mulher teria sido filmada e o acusado teria afirmado, "que registraria o motivo pelo qual a mataria e, em seguida, tiraria a própria vida".
Faca nas partes íntimas
Segundo a acusação, o vereador passava a faca nos seios da mulher, "perguntando qual deles deveria cortar primeiro, repetindo o mesmo questionamento em relação aos seus pés, impingindo-lhe sofrimento".
"Em seguida, o acusado apontou a faca para o pescoço da vítima e disse: 'eu lhe dou três segundos para você me convencer de não fazer isso'. Ele passou a bater a faca no chão, até que a quebrou. Nesse momento, a vítima pegou a lâmina que havia se quebrado e a arremessou pela janela do banheiro. O acusado, então, afirmou: 'Tem nada não, vou pegar uma maior'"
MPCE, na denúncia
A vítima ainda chegou a ser queimada com uma 'bituca' de cigarro. Enquanto ela tentava fugir, conseguiu se trancar em um dos banheiros e em seguida pulou uma janela. Já na casa da vizinha, foi coberta com um lençol e conseguiu se refugiar.
O MP pediu à Justiça que aceitasse a denúncia, tornando 'Maiko do Chapéu' réu no processo e destacou que para este caso não cabe Acordo de Não Persecução Penal.
Diário do Nordeste