Retorno mais uma vez ao assunto da Pracinha do Amor, em Camocim, porque conseguiu ficar pior do que estava! Era uma daqueles raros espaços públicos que conjugavam beleza, simplicidade e funcionalidade. Era. Agora, virou um amontoado de trailers estacionados 24 horas por dia, com equipamentos espalhados pelo calçadão como se a desordem fosse parte de algum conceito artístico alternativo.
E mais uma vez, sim, reforço: não se trata de demonizar o trabalhador, ninguém em sã consciência é contra o ganha-pão de quem depende do comércio ambulante. A crítica é outra: é contra a prefeita e a prefeitura, a gestão inoperante e a complacência com o improviso permanente.
Os trailers, bem como os demais equipamentos enrolados com lonas soltos na praça, que poderiam cumprir bem sua função durante o expediente noturno, transformaram-se em construções fixas. Resultado: a praça pública virou um mercado informal, murado por latarias e ornamentado por sabe-se lá o que no meio da praça. Planejamento? Zero. Organização? Nenhuma. É o velho hábito de ocupar o espaço público como se fosse extensão do privado, com a conivência do poder público, é claro.
O que antes era um cartão-postal, agora parece cenário de distopia urbana. A beleza cede lugar ao caos, e a função social do espaço se perde na balbúrdia institucionalizada.
Carlos Jardel