Maria Liz tinha apenas alguns meses de vida. Mas foi o suficiente para que ela experimentasse na pele ou melhor, nos pulmões, o abandono completo da saúde pública de Jijoca de Jericoacoara. Morreu sufocada, vítima de um sistema podre que vem sendo comandado com descaso pelo prefeito Leandro César. E agora ninguém aparece para assumir a culpa.
A mãe, Vitóri Andrade, usou o Instagram para denunciar a sequência de horrores cometida dentro da UPA de Jericoacoara. A bebê já havia sido internada com bronquiolite e, após sete dias de tratamento, teve alta. Pouco tempo depois, voltou a apresentar sintomas alarmantes, como febre, infecção na garganta e dificuldades para respirar. Mesmo assim, recebeu um tratamento protocolar patético, com antibiótico e bombinha de salbutamol, como se estivesse com um resfriado qualquer. Nada de oxigênio. Nada de emergência. Nada de cuidado.
“Minha filha não precisava de antibiótico, e sim de oxigênio”, desabafou a mãe, em prantos.
Mas o absurdo não para aí. A bebê foi empurrada para uma ambulância e transferida para Jijoca, sob ordens da própria rede de saúde que responde diretamente ao prefeito Leandro César. Isso mesmo, o mesmo que vive postando selfie em evento enquanto a saúde da cidade desmorona. Maria Liz foi levada sem suporte de oxigênio, sem enfermeira, sem o mínimo necessário para manter uma criança respirando.
Chegou roxa. Saturação em 46%. O cérebro já gritando por ar. E ninguém fez nada antes disso.
Só então tentaram intubá-la. Era tarde. Múltiplas paradas cardiorrespiratórias. O que veio depois foi uma corrida inútil até Sobral. Maria Liz morreu na ambulância, a caminho do hospital que ela nunca conheceu. Morreu na estrada, como tantos outros jogados na vala comum da negligência pública.
E o que fez o prefeito Leandro César, gestor direto dessa estrutura falida? Nada. Silêncio total. Nenhuma coletiva, nenhuma nota, nenhuma responsabilização dos profissionais envolvidos, nenhum pedido de desculpa. Nem sequer um gesto humano. Talvez esteja mais ocupado garantindo alianças eleitorais para 2026.
A morte de Maria Liz é política. Tem CPF. Tem nome. E começa no gabinete do prefeito.
O Leandro César continua empurrando responsabilidades, terceirizando culpas e fingindo que tudo está sob controle. Não está. O sangue de Maria Liz mancha a gestão dele. E essa morte não pode ser esquecida.
Carlos Jardel