O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) deu um golpe certeiro no coronelismo moderno ao determinar o afastamento imediato de Bel Júnior (PP) da Prefeitura de Senador Sá. A sentença não poderia ser mais clara: Bel Júnior não só usou a prefeitura para se promover, mas tratou o município como seu quintal pessoal, uma extensão da sua campanha eleitoral. O que foi feito ali foi uma operação descarada de compra de votos e manipulação eleitoreira, sem vergonha alguma.
Durante o evento "Cavalgada do Bel", realizado em agosto de 2024, a estrutura administrativa foi completamente transformada em um comício disfarçado. A distribuição de brindes como camisetas, bonés, chapéus e comida, somada ao fornecimento de bebidas, não deixou dúvidas: era uma compra de eleitores na cara dura. E isso, é claro, foi apenas o começo.
A cereja do bolo foi o uso de apresentações musicais, com artistas locais e regionais, que não passavam de shows políticos mascarados, aqueles famosos showmícios que são proibidos por lei. Sem contar os paredões de som tocando jingles de campanha, uma forma nojenta de fazer campanha em pleno evento público, como se o povo fosse seu rebanho. Não há sutileza, não há sequer um esforço de disfarçar a falcatrua.
A decisão do TRE-CE, que também cassou o mandato de Bel Júnior e o declarou inelegível por oito anos, é um recado forte: o uso da máquina pública para fins eleitorais não será tolerado. A substituição do prefeito por Elany Marques, presidente da Câmara Municipal, é uma tentativa de minimizar o estrago e, ao menos, dar um ar de normalidade ao processo, mas a mancha de corrupção e abuso de poder já está estampada na administração.
O afastamento de Bel Júnior não é apenas uma correção legal, é uma resposta firme ao uso imoral da política como instrumento de dominação e manipulação. A cada passo dado por ele, fica claro que o sistema político de Senador Sá estava sendo transformado em um feudo pessoal, onde os recursos públicos serviam apenas para garantir sua permanência no poder. O TRE-CE não apenas corrigiu um erro, mas fez o que o eleitor não teve coragem de fazer nas urnas: derrubou o coronel.
Carlos Jardel
