Após se tornar público o episódio em que o médico Alexandre Magno Paz Alves agrediu um menor de idade, o profissional publicou uma nota tentando justificar o ato como um “desespero de pai”. Mas o que se vê é a clássica tentativa de autopreservação e manipulação da narrativa, transformando o agressor em vítima, como se a violência fosse um direito quando parte de um “pai amoroso”.
Alexandre diz ter reagido “por amor” e sob “forte abalo emocional”, como se isso apagasse o fato objetivo: ele cometeu uma agressão contra um adolescente. Em nenhuma linha, o médico demonstra verdadeiro arrependimento. Ao contrário, busca empatia, reconhecimento e aplauso, misturando sua trajetória profissional e familiar ao episódio para suavizar a gravidade do ocorrido.
A nota não é um pedido de desculpas. É uma peça de autopromoção. Ao colocar sua carreira, pacientes e “ética” no centro do texto, o médico tenta blindar sua imagem com um verniz de moralidade, exatamente o que se espera de quem sabe que errou, mas se recusa a assumir a responsabilidade sem condicionantes.
Agredir um menor não é “impulso de pai”, é crime. E usar a emoção como justificativa é uma estratégia perigosa, que relativiza a violência e a lei. Se a comoção fosse critério de absolvição, tribunais deixariam de existir.
O que a sociedade espera de profissionais que se dizem comprometidos com a justiça e o bem-estar é que reconheçam seus atos com dignidade. E não que publiquem textos ensaiados para limpar a própria biografia às custas do silêncio de quem apanhou.
Carlos Jardel