Presidência da Câmara e Procuradoria da Mulher se calam
Na última sessão da Câmara Municipal de Jijoca de Jericoacoara, o vereador Fernando Edson, irmão do prefeito Leandro, deu um espetáculo vergonhoso de machismo. Durante a discussão de um projeto de pavimentação na comunidade Borges, de autoria do vereador Raimundo Torquato, Edson desviou completamente da pauta e, ao invés de discutir a proposta, desqualificou a gestão passada e desferiu a frase misógina: “Vocês querem vir pra cá com os peitos moles querendo ser moça”, dirigindo-se de forma humilhante e desrespeitosa às mulheres, inclusive às próprias colegas de vereança, bem como a todas da sociedade.
Em outras palavras, o vereador disse que se não tiver os peitos duros e se não for moça, mulher não tem valor.
Esse tipo de discurso não pode ser tolerado. A Casa Legislativa tem a responsabilidade de promover o respeito, a inclusão e a dignidade. E o que se viu, inclusive reproduzido para o mundo, haja visto que a sessão é transmitido ao vivo pela internet, foi uma agressão direta a todas as mulheres, além de uma total desrespeito ao próprio debate parlamentar.
Onde estão as vereadoras da Câmara? Onde está a Comissão da Mulher? Essa fala exige uma reação clara, firme e imediata. Não é possível que em pleno século XXI, em um ambiente público e democrático, a misoginia seja tratada com silêncio ou indiferença. A Procuradoria da Mulher não pode permitir que esse tipo de comportamento passe em branco. Afinal de contas, essa não é a primeira vez que mulheres do parlamento de Jijoca são atacadas.
A presidência da Câmara também precisa se manifestar. O que aconteceu foi uma clara violação do decoro parlamentar e da ética que deve nortear as discussões na Casa. A indiferença em relação a esse episódio só fortalece um ambiente de impunidade para atitudes misóginas e preconceituosas.
O silêncio diante desse tipo de comentário é um aval para que o machismo siga sendo tolerado em nossas instituições.
Carlos Jardel