O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de Camocim enfrenta sérios problemas estruturais e de pessoal, comprometendo a qualidade do atendimento oferecido à população. A situação foi denunciada por uma fonte ligada à própria Secretaria de Saúde do município, que preferiu não se identificar.
Segundo o relato, o CAPS AD opera com uma equipe extremamente reduzida. Atualmente, há apenas um enfermeiro, uma técnica de enfermagem e dois psiquiatras, um dos quais atende em regime parcial, apenas às segundas-feiras (manhã e tarde) e terças pela manhã. A outra psiquiatra está afastada por licença gestante.
A falta de psicólogos, profissionais fundamentais para o acompanhamento em saúde mental, é uma das principais deficiências. O serviço passou cerca de seis meses sem nenhum psicólogo. Recentemente, uma profissional residente iniciou os atendimentos, mas sua permanência é temporária, já que ela não é contratada pelo município.
A ausência de uma assistente social, que está de férias, agrava ainda mais o cenário. Muitos pacientes procuram o CAPS não apenas por tratamento, mas em busca de encaminhamentos e benefícios sociais, e se deparam com um serviço sobrecarregado e insuficiente.
Outro ponto crítico é a ausência de um sistema informatizado. Os registros são todos feitos em papel, e há frequentes pedidos de cópias de prontuários por advogados. Isso gera altos custos com papel e tinta, além de tornar o trabalho administrativo lento e ineficiente. Uma tentativa de informatizar o controle de medicamentos por meio de uma planilha de Excel foi rejeitada pela gestão sob o argumento de que os funcionários “não sabem utilizar o programa”.
Além disso, segundo a fonte, há relatos de servidores adoecendo devido às condições de trabalho, com sintomas de estresse, exaustão e burnout. A categoria de agentes administrativos, por exemplo, estaria com salários congelados há anos, sem direito à insalubridade e sem perspectivas de valorização profissional.
“O município dispõe de estrutura física nos postos, com fiação e computadores, mas a tecnologia não é utilizada. Há pilhas de papéis acumuladas porque se recusa modernizar o atendimento”, relata a fonte.
Ainda de acordo com o relato, faltam protocolos e preparo para lidar com situações de crise dentro do CAPS. Em um episódio ocorrido no ano passado, não havia profissionais capacitados para intervir adequadamente, colocando em risco tanto pacientes quanto servidores.
A situação descrita, embora focada no CAPS AD, reflete problemas recorrentes em outras unidades de saúde do município.