É repulsivo. Um espetáculo grotesco. Uma encenação profanadora em que a fé é usada como palanque, e a religião como biombo para interesses mesquinhos. As procissões e os altares se tornaram vitrines para promoção politica disfarçada. A cruz e o andor do santo e da santa viraram ferramentas de marketing. Um clique na imagem dos santos, dois nos políticos. A devoção sequestrada por mãos sujas de barganha.
Olhando um vídeo, despejado nas redes sociais, chega um momento que já não se sabe se a procissão é da santa, com S maiusculo, chamada mãe de Jesus, ou da santa com s minúsculo.
Por que essa encenação indigesta?
Simples: querem passar por pessoas de fé, quando na verdade são lobos travestidos de cordeiros. Fingem servir a Deus, mas servem ao próprio ventre. Empunham a Bíblia como escudo enquanto, nos bastidores, pisam nos pobres, traem os humildes, perpetuam a miséria e enriquecem uma minoria de aduladores profissionais. É teatro — e do pior tipo.
O mais escandaloso? O silêncio dos púlpitos.
Onde está a voz profética? Onde estão os padres que rasgavam a liturgia pela justiça? Onde estão os pastores que enfrentavam faraós com um cajado de verdade?
Hoje, muitos se curvam. Oferecem as cadeiras da frente, bajulam, aplaudem, e distribuem o corpo e sangue de Cristo como se fosse selo de aprovação para essa obscenidade. O que deveria ser sagrado virou moeda de troca.
Jesus viu isso antes. E disse:
“Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.”
— Mateus 15:8
“Sepulcros caiados, que por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia.”
— Mateus 23:27
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!”
— Mateus 23:25
“Cegos! Guias de cegos!”
— Mateus 23:24
“Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?”
— Mateus 23:33
E até sua mãe, Maria, cheia do Espírito, anunciou a queda dos que hoje se exaltam em púlpitos, palanques e camarotes:
“Dissipou os soberbos...
Depôs dos tronos os poderosos...
Encheu de bens os famintos...
E despediu vazios os ricos.”
— Lucas 1:51-53
Não se trata de religião. Trata-se de verdade.
Não é sobre fé. É sobre manipulação da fé.
E isso é profanação.
Carlos Jardel