Na Paróquia Senhor Bom Jesus dos Navegantes, em Camocim, um acontecimento recente chamou atenção e merece reflexão profunda e respostas, lógico. A Diocese de Tianguá orienta que as segundas-feiras sejam reservadas ao descanso dos padres. Por esse motivo, não se celebram missas nesse dia. Trata-se de uma prática geralmente respeitada nas paróquias da região.
No entanto, na última segunda-feira, dia 28, a norma foi flexibilizada. Foi celebrada uma missa em memória do vereador César Veras, marcando um ano de seu falecimento. Uma homenagem justa, ninguém discute. Mas a questão que incomoda é outra. Dias antes, uma senhora da comunidade paroquial, inclusive “católica de carteirinha” havia procurado a secretaria paroquial para agendar uma missa pelo pai falecido. A resposta foi clara: segunda-feira não há missas. E ponto final, acabou-se a história.
O que justifica a diferença de tratamento? Por que, em um caso, a norma foi intransponível e, no outro, ignorada? A dor de quem perde um ente querido tem mais ou menos importância conforme o sobrenome ou cargo público da família?
Ora, caro leitor, diante de Deus, não há currículos nem distinções. Se a Igreja é espaço de acolhida e comunhão, decisões como essa enfraquecem seu testemunho. Quando regras se tornam flexíveis apenas para alguns, aquilo que deveria unir começa a dividir.
Não se trata de acusar ou desacreditar a paróquia, mas de provocar uma reflexão sincera. A fé do povo não pode se curvar a critérios que ninguém explica com clareza. A confiança se perde quando o altar parece dar mais espaço a figuras públicas do que à dor anônima de mães e filhas simples da comunidade.
Jesus acolheu o centurião e a viúva com a mesma compaixão. A Igreja precisa continuar sendo esse lugar onde todos, sem exceção, encontram consolo, sem precisar provar sua relevância social.
Carlos Jardel