O Domingo de Páscoa é muito mais que a celebração de um milagre. É a certeza de que a última palavra nunca será da morte, mas da vida. Jesus ressuscitou — e, à luz da Teologia, entendemos: Ele ressuscitou para todos, mas preferencialmente para os pobres, os excluídos, os crucificados da história.
A ressurreição não é neutra. Deus não levanta qualquer um do túmulo: levanta aquele que foi perseguido, torturado, executado como um marginal. Levanta o Filho que fez da sua vida um projeto de justiça. Como canta Pedro Casaldáliga: "Ressuscitou o pobre que se fez pão e partilha. Ressuscitou a esperança dos sem-vez e dos sem-voz."
Jesus aparece primeiro aos pequenos, aos desanimados, aos que não tinham mais esperança (Lc 24,13-35). Ele não ressuscita no palácio, mas no caminho, ao lado dos pobres de Emaús. É a esses que Ele devolve o sentido, a fé e o fogo no coração.
A ressurreição, portanto, é política. É a negação de toda estrutura que mata, exclui e oprime. Como diz Leonardo Boff: "Ressuscitar é fazer justiça aos injustiçados da história."
Hoje, quem são os crucificados? São os negros exterminados, os indígenas expulsos, os pobres invisíveis. Celebrar a Páscoa é nos colocar ao lado deles, como testemunhas do Ressuscitado que vive nas periferias e clama por libertação.
Ressuscitou. E com Ele se levanta a esperança de um mundo novo — onde os últimos sejam os primeiros, e a vida seja para todos.
Carlos Jardel