A distribuição de cestas básicas em Camocim não tem nada de solidária, tampouco reflete o verdadeiro espírito cristão da Páscoa. Trata-se, na verdade, da manutenção de um espetáculo grotesco de humilhação pública, idealizado e repetido ano após ano pelo Governo Aguiar. E o mais revoltante: tudo bancado com o dinheiro do próprio povo.
A imagem que se vende nas redes sociais é a de um governo "generoso", "humano", "preocupado com os pobres". Mas a realidade é cruel: filas quilométricas, idosos, gestantes, crianças e até pessoas doentes, expostos ao sol escaldante, esperando horas — muitos desde a madrugada — por uma cesta básica. Neste ano, a fila dobrou quarteirões e, até perto do meio-dia, ainda havia gente esperando em pé, sofrendo, implorando dignidade.
Isso não é ação social. É abuso. É marketing disfarçado de bondade. Se a intenção fosse realmente ajudar, por que não realizar essa distribuição de forma organizada, com respeito, em locais apropriados como escolas ou ginásios? Por que não agendar por bairros, com entrega domiciliar ou horários escalonados?
A resposta é simples: porque o sofrimento é parte do espetáculo. A humilhação virou método. E enquanto a miséria for explorada como vitrine eleitoral, não haverá justiça social — apenas exploração.
E antes que venham os defensores de plantão gritar “é preciso!”, deixo um desafio: vá você encarar o sol, a fome e a fila, para receber algo que já é seu por direito.
Carlos Jardel