Já vi muitas coisas na vida política. Já vi prefeito e prefeita tentando empurrar dívida com fornecedor. Já vi deputado fingindo que não é com ele. Mas ver um parlamentar federal se prestar ao papel de escudo para uma gestão inadimplente e silenciosa, como faz Moses Rodrigues com a Prefeitura de Sobral, é de uma pequenez que beira o vexame. E não importa que o prefeito seja seu pai, Oscar Rodrigues. Afinal, não estamos falando de um caso de pai para filho, e sim de gestão pública — com dinheiro do povo e responsabilidades claras.
Nesta segunda, o prefeito de Forquilha e presidente do Consórcio de Resíduos Sólidos, Ednardo Filho, deu uma entrevista ao Sobral Online precisa, com datas, documentos, ofícios ignorados e valores concretos. A dívida da Prefeitura de Sobral com o consórcio passa de R$ 1,2 milhão. Os prazos venceram, os alertas foram feitos, as portas foram abertas para negociação. Nenhuma resposta. Nenhum contato. Nenhuma tentativa de resolver o problema. Resultado: coleta suspensa. Lixo nas ruas. E mais uma vez, quem paga a conta é o povo.
O consórcio, como bem frisou Ednardo, seguiu o estatuto. Dois meses de atraso autorizam a suspensão. E quem conhece o funcionamento de um consórcio regional sabe que não se trata de birra — é sobrevivência. Os outros municípios, todos menores, não vão cobrir o rombo de uma cidade como Sobral. Ponto.
Mas aí entra Moses Rodrigues, do alto de seu mandato, para distorcer os fatos e tentar desqualificar a gestão do consórcio. Em vez de cobrar responsabilidade da prefeitura da cidade que diz defender ele parte para o ataque. Com números errados, argumentos frágeis e um discurso feito para confundir, não esclarecer. Se é desinformação ou má-fé, que ele mesmo diga.
A fala de Moses revela muito mais do que um erro político: revela o vício de uma velha prática! A de tentar reescrever os fatos para livrar o pai de suas falhas. E Moses faz isso num momento em que a população precisa de limpeza, de saúde pública e de soluções — não de discursos vazios. Enquanto ele fala, Sobral fede.
E não, deputado, não há crime ambiental no consórcio. O que há é crime contra a inteligência do povo quando se tenta transformar o caloteiro em vítima e quem cobra em vilão. A prefeitura errou, ignorou, e agora quer se fazer de surpresa. E o senhor endossa.
Carlos Jardel