O que o vereador Júnior Magalhães não precisa — e definitivamente não deve — é tentar converter o recente ataque à sua residência em palanque político ou, pior ainda, em manobra para desviar os olhos de um crime brutal que atinge diretamente sua família.
Em dezembro do ano passado, seu sobrinho, Luan Magalhães, atropelou e matou um trabalhador em um posto de gasolina. Um pedreiro, pai de família, esmagado duas vezes pelo carro de Luan. Primeiro, ao ser atingido. Depois, quando o carro dá a volta e passa novamente por cima dele, friamente, para garantir a execução. Um homicídio repugnante que paralisou a comunidade. E até agora, nada de justiça. Luan desapareceu. E o que se comenta nas esquinas é ainda mais grave — que a própria família, com mandato nas mãos, tem protegido o foragido.
Se ele é inocente, como alegam, por que não surge uma única prova que o isente? E por que seus tios, Jaime Veras e o próprio Júnior Magalhães, não o entregam às autoridades?
Agora, com tiros disparados contra sua casa, o vereador corre a espalhar a versão de que foi um ato político. Mas com base em quê? Nenhum indício, nenhum dado, nada além de sua palavra, que, diga-se, anda desvalorizada. A construção da narrativa é rasa, forçada, e soa mais como encenação do que preocupação.
Pior, insinua que tentam silenciá-lo. Mas silenciar o quê, exatamente? Júnior Magalhães não incomoda. No plenário, é figura decorativa. Não denuncia, não questiona, não propõe. Quando fala, é para afagar a gestão de Jaime Veras, como um papagaio da base governista. Qual seria, então, o conteúdo tão incômodo que justificaria tamanha retaliação? Nenhum.
Sua atuação política não representa ameaça a ninguém. Muito menos ao poder que ele próprio sustenta como líder do governo na Câmara. A imagem de vítima de perseguição desaba diante da realidade — Júnior está confortável, alinhado, protegido.
Sobre os disparos, as câmeras mostram dois homens a pé, disparando de longe, de forma desajeitada. Depois fogem. Mas como? Se não tinham veículo, sumiram por onde? Quem deu cobertura? O que parecia intimidação mais se parece com teatro mal ensaiado. Em seguida, o vereador corre para gravar vídeo — como se o roteiro já estivesse pronto.
O que o povo quer é o óbvio. Que a polícia identifique os autores dos tiros. Mas, principalmente, que capture Luan Magalhães. Porque o verdadeiro criminoso desta história continua solto. E quem acoberta bandido se torna cúmplice, ou seja, é bandido também. Isso é lei, não opinião.
Carlos Jardel