Senhoras e senhores, a pacata cidade de Barroquinha, no Ceará, tornou-se palco de um enredo digno de uma tragicomédia política na qual, no centro dessa novela sem glamour, temos o prefeito Jaime Veras e a vice-prefeita Carmem Lúcia e mais três vereadores aliados, protagonistas involuntários de um escândalo que conseguiria corar até os mais experientes roteiristas de produções de máfia barata.
Segundo a caneta afiada do juiz eleitoral Allan Augusto do Nascimento, os ilustres administradores municipais não se contentaram em disputar as eleições dentro das regras do jogo. Pelo contrário, decidiram transformar a campanha em uma verdadeira feira livre de ilegalidades, temperada com abuso de poder político e econômico. Afinal, por que convencer eleitores com propostas quando se pode simplesmente corromper o processo?
Mas não fiquemos apenas nas acusações genéricas. Em um gesto de criatividade inusitada, jaime decidiu fazer uma releitura do conceito de "justiça social" ao desviar recursos públicos destinados a candidaturas de pessoas negras para financiar candidatos brancos. Uma jogada ousada, sem dúvida, que renderia prêmios em qualquer festival de cinismo eleitoral. O valor desviado, superior a R$ 13 mil, pode não parecer uma fortuna em câmbio internacional, mas, para um município pequeno, significa muito mais do que simples erro contábil: é a prova concreta de que a impunidade é um combustível que move a velha política.
Não satisfeitos com uma só punição, prefeito e vice conseguiram um feito raro: tiveram seus diplomas cassados duas vezes pela Justiça Eleitoral de Chaval. A primeira derrota veio na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) nº 0600198-41.2024.6.06.0108, que apontou para a prática contumaz de abuso de poder e uso indevido da máquina pública. Mas, como bons reincidentes, também perderam seus mandatos pela Representação Especial (12630) nº 0600200-11.2024.6.06.0108, onde ficou provada a captação e o uso indevido de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Ou seja, é fraude para todos os gostos!
A Justiça, em um raro lampejo de eficiência, determinou a realização de novas eleições. Resta saber se os velhos atores políticos tentarão novos papéis ou se o eleitorado, cansado do roteiro repetitivo, resolverá mudar de canal. Por enquanto, Barroquinha segue seu drama cotidiano, entre reviravoltas judiciais e um enredo que, infelizmente, já conhecemos bem.
Afinal, o Brasil é mesmo uma comédia sem fim, e Barroquinha acaba de conquistar seu lugar de destaque no palco das falcatruas eleitorais.
Carlos Jardel