Jaime Veras, na hora do amargo café, tenta engolir seco a realidade e afirma que "nasceu e cresceu no meio do povo humilde e trabalhador", e que, por isso, conhece todos os cantos de Barroquinha. Diz ainda que "sempre trabalhou com amor, verdade e fé" e que agora "querem apagar essa história". Segundo ele, "querem dizer que não valeu o que o povo escolheu" e que está sendo vítima de perseguição política.
O que Jaime Veras convenientemente omite é que a única coisa que a Justiça busca apagar é o rastro de corrupção deixado por ele na campanha. E, sejamos honestos, conhecer cada esquina da cidade não é salvo-conduto para cometer irregularidades à frente da prefeitura.
O prefeito aposta em sua clássica estratégia sentimentalista para disfarçar os fatos. Ele declara que estão "tentando tirar no papel o que o povo colocou nas urnas". Mas a Justiça, na verdade, está apenas retirando do cargo quem usou outro tipo de papel – aquele que compra apoios, distorce eleições e circula discretamente em envelopes pardos.
A falácia de que a luta de "uma cidade inteira" está sendo anulada é só mais um devaneio. Jaime parece esquecer que não recebeu todos os votos e que eleição fraudulenta não é luta, é crime.
O prefeito ainda proclama que "respeita a Justiça". Mas respeitar, de fato, seria seguir as regras do jogo eleitoral, e não trapacear para vencer. Agora, faz-se de vítima, alegando que querem "calar o povo", quando, na verdade, ele é quem tenta manipular a população contra a decisão da Justiça.
Por fim, ele chora perseguição política, mas o que enfrenta não são adversários rancorosos – é a dura sensação de que a impunidade lhe escapou pelas mãos. A Justiça não persegue, investiga. E, pelo que tudo indica, encontrou motivos de sobra para enquadrá-lo. O café está servido, e o gosto é bem amargo.
Carlos Jardel