PF indicia Bolsonaro, Braga Netto e mais 35 em inquérito sobre tentativa de golpe após eleições - Revista Camocim


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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

PF indicia Bolsonaro, Braga Netto e mais 35 em inquérito sobre tentativa de golpe após eleições



O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (21), por abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa. Assim como ele, também foram indiciados outros ex-integrantes do governo bolsonarista.


O indiciamento é referente ao inquérito responsável pela investigação da tentativa de golpe de estado no Brasil após as eleições que resultaram na eleição de Lula como presidente em 2022.



Ao todo, 800 páginas reforçam o relatório final do inquérito, concluído no início da tarde desta quinta-feira (21). O documento deve ser entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). 


Além de Bolsonaro, também foram indiciados os generais Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI; e Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa. Braga Netto foi, inclusive, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. Outras 35 pessoas também foram indiciadas.


Após análise pelo STF, a Procuradoria Geral da República (PGR) deve decidir se irá denunciar ou não os indiciados, enquanto caberá à Corte julgá-los.


Entre os outros indiciados estão o delegado Alexandre Ramagem, ex-presidente da ABIN, a Agência Brasileira de Inteligência; e Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido do ex-presidente Bolsonaro.


"As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário", informou a Polícia Federal em nota.


Divisão de tarefas


Conforme as investigações, os indiciados teriam se estruturado por meio de uma divisão de tarefas, o que teria permitido a "individualização das condutas", assim como a verificação da existência de grupos entre eles. Com isso, seis grupos foram descobertos. Confira:


Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;

Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado;

Núcleo Jurídico;

Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;

Núcleo de Inteligência Paralela;

Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas


Até então, a expectativa é de que o procurador-geral da PGR, Paulo Gonet, apresente denúncia apenas no próximo ano, já que o inquérito é volumoso e complexo.


Veja a lista dos 37 indiciados:


Ailton Gonçalves Moraes Barros

Alexandre Castilho Bitencourt Da Silva

Alexandre Rodrigues Ramagem

Almir Garnier Santos

Amauri Feres Saad

Anderson Gustavo Torres

Anderson Lima De Moura

Angelo Martins Denicoli

Augusto Heleno Ribeiro Pereira

Bernardo Romao Correa Netto

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha

Carlos Giovani Delevati Pasini

Cleverson Ney Magalhães

Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira

Fabrício Moreira De Bastos

Filipe Garcia Martins

Fernando Cerimedo

Giancarlo Gomes Rodrigues

Guilherme Marques De Almeida

Hélio Ferreira Lima

Jair Messias Bolsonaro

José Eduardo De Oliveira E Silva

Laercio Vergilio

Marcelo Bormevet

Marcelo Costa Câmara

Mario Fernandes

Mauro Cesar Barbosa Cid

Nilton Diniz Rodrigues

Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho

Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira

Rafael Martins De Oliveira

Ronald Ferreira De Araujo Junior

Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros

Tércio Arnaud Tomaz

Valdemar Costa Neto

Walter Souza Braga Netto

Wladimir Matos Soares


Nota da PF na íntegra sobre o indiciamento de Bolsonaro


A Polícia Federal encerrou nesta quinta-feira (21/11) investigação que apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder.


O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.


As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.


As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:


a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;

b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;

c) Núcleo Jurídico;

d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;

e) Núcleo de Inteligência Paralela;

f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas


Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.


Diário do Nordeste