Eles estão nas praças e nas calçadas de prédios comerciais e residenciais no centro da cidade. A maioria vive como pedinte e enfrenta sérios problemas com o alcoolismo. Com os poucos trocados que recebem da caridade alheia, compram bebida para sustentar o vício. Suas refeições, quando conseguem, também vêm da generosidade de outros. São pessoas que, infelizmente, parecem estar fadadas a desaparecer nas margens da vida, como indigentes. Trata-se de uma questão social que, pelo menos em tese, não pode passar despercebida pelo poder público municipal, pois é uma questão de humanidade. Embora se argumente que essas pessoas tenham escolhido esse estilo de vida, não é razoável cruzar os braços ou tratá-las como indignas de um convívio saudável na sociedade.
As comunidades religiosas, especialmente as cristãs, que são predominantes em Camocim (onde parece haver uma igreja em cada esquina), também precisam compreender profundamente a verdadeira lógica da fé, para que possam adotar posturas mais honestas na prática da caridade cristã. Isso significa não tratar aqueles que vivem à margem da sociedade com a indiferença que os torna invisíveis e desvalorizados. Não é uma tarefa simples para muitos que se dizem seguidores de Jesus. Afinal, parte dessa "turma santa", que adora o proselitismo, frequentemente não tem paciência para os pobres que são mal-educados ou viciados em álcool. Preferem os pobres educados, que são mais fáceis de manipular.
O fato é que tanto o poder público local quanto muitas entidades religiosas ainda não colocaram entre suas prioridades a questão dos moradores de rua. E o problema, se não receber a atenção devida, tende a se agravar.
Que diferença faria um título eleitoral na mão desses coitados! E quem dera se eles tivessem condições de pagar um dízimo!
Carlos Jardel