É certo que a Câmara de Vereadores de Camocim nunca foi um ambiente de pura respiração democrática e 100% "a casa do povo". Há momentos em que se parece mais com um quartel de ditadores e com a famosa "Casa da Mãe Joana", na qual é possível fazer tudo que não presta. Contudo, não é justo afirmar que os vereadores não trabalham. Existem aqueles que fazem jus ao salário pago pelo povo, apresentando projetos para beneficiar a população nas mais diversas áreas. No entanto, sim, lógico, existem aqueles que realmente não trabalham, ou melhor: trabalham, até com excelência, mentindo e puxando o saco da prefeita e do deputado. E existem também os da marca "James do Peixe, do gado e dos caminhões", altamente improdutivos, arrogantes e agressivos ao extremo que, contrariados, berram mandando às favas a civilidade, o Regimento Interno da Câmara, a Lei Orgânica do Município e o decoro parlamentar [de tão ignorantes que são, talvez nem saibam o que é isso].
Mas, sobre precisamente o episódio da última segunda-feira (8), protagonizado por James, é preciso dizer que o Presidente da Câmara, vereador Emanoel Vieira, acertou ao encerrar a Sessão em meio ao desrespeito. Mas errará caso não adote medidas que punam com severidade todo e qualquer parlamentar que confunda o Plenário com um espaço para confrontos de bandidos, cuja única regra é matar mutuamente.
O presidente Emanoel Vieira precisa deixar claro que esse comportamento — do James e de outros — chama-se 'quebra de decoro'. E mais claro ainda precisa ficar que existem consequências chamadas, dentre as tais, 'perda do mandato', mediante processo devidamente instaurado conforme a letra da Lei Parlamentar.
Passar pano para baderneiros financiados com dinheiro do povo é inaceitável, presidente.
A outra maneira — a mais prática — é não permitir, por meio do voto, que elementos da natureza James ocupem cadeiras na Casa do Povo. Não é fácil. É um processo demorado. E mesmo que paraquedistas messiânicos digam o contrário, considerando os processos da nossa jovem e lenta democracia, repito: não é fácil converter ou deixar de fora do poder público os políticos inaptos, preguiçosos, puxa-sacos, canalhas, vagabundos e corruptos.
Chegaremos, creio, num patamar melhor, porém, até lá, nem mesmo na pior das hipóteses é possível aceitar que "os filhos da Mãe Joana" defequem na dignidade das intenções depositadas nas urnas.
Carlos Jardel