Ex-chefe do Exército ameaçou prender Bolsonaro se ele insistisse em plano golpista - Revista Camocim


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sexta-feira, 15 de março de 2024

Ex-chefe do Exército ameaçou prender Bolsonaro se ele insistisse em plano golpista


O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, declarou à Polícia Federal que o antigo chefe do Exército, o general Freire Gomes, ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele prosseguisse com o plano de golpe contra o Estado Democrático. 


O encontro teria acontecido em dezembro de 2022, após o então chefe do Executivo perder as eleições à Presidência. Na reunião, ele teria tentado sondar a cúpula das Forças Armadas sobre um golpe de Estado. Na mesma ocasião, segundo o tenente-brigadeiro, Bolsonaro teria apresentado a minuta de golpe, a qual o militar se negou a receber e deixou a sala em seguida. 


As declarações integram o termo de depoimento prestado por Baptista Júnior à PF, no bojo das investigações que culminaram na Operação Tempus Veritatis, que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado tramada pela cúpula do governo Jair Bolsonaro.


À autoridade, Baptista Júnior e Freire Gomes contaram que foram contrários a investida antidemocrática. Já o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, mais alinhado com o ex-presidente, colocou tropas à disposição do ex-chefe do Executivo.


O ex-comandante da Aeronáutica negou ter participado de reuniões com o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, o general Braga Netto e outros oficiais para tratar sobre o suposto golpe de Estado.


O antigo chefe da FAB narrou que após a derrota de Bolsonaro nas urnas houve uma reunião entre o ex-presidente, a cúpula das Forças Armadas e o então advogado-geral da União Bruno Bianco. Na ocasião, o ex-chefe do Executivo foi informado que não haveria "alternativa jurídica para contestar o resultado das eleições"


Depois, entre os dias 1º e 19 de novembro de 2022, o brigadeiro foi cinco vezes ao Palácio da Alvorada, por ordem do então presidente. Segundo o militar, inicialmente o político estava resignado com o resultado das eleições, mas depois aparentou ter esperança de reverter a derrota nas urnas com as alegações de fraudes.


Eleições 2022: 'Não existiu qualquer fraude'


O brigadeiro foi questionado se acreditava que houve fraudes nas eleições. Batendo de frente com a narrativa de Bolsonaro, assentou que "conforme os resultados obtidos pela Comissão de Fiscalização do Ministério da Defesa, tem certeza que não existiu qualquer fraude relacionado ao sistema eletrônico de votação".


Baptista Júnior ressaltou inclusive que "constantemente" informou ao ex-presidente que não existia fraude nas urnas. Relatou inclusive que recebeu o antigo chefe de Estado e um estudo impresso do Instituto Voto Legal sobre supostas fraudes, e, em resposta, destacou como o documento estava "mal redigido e com vários erros técnicos e se tratava de um sofisma".


Diário do Nordeste