O Partido Democrático Trabalhista (PDT) publicou a ata da acalorada reunião da Executiva Nacional, realizada na última sexta-feira (27), no Rio de Janeiro. No encontro, os pedetistas decidiram intervir no diretório estadual da legenda no Ceará e destituir o senador Cid Gomes (PDT) do comando da sigla no Estado.
O que chama atenção no documento é que a proposta de intervenção partiu do próprio irmão de Cid, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Desde as eleições do ano passado, os dois Ferreira Gomes se distanciaram e, atualmente, lideram alas opostas no PDT. Na reunião da Executiva, Ciro fez duros ataques a Cid.
“APARELHAMENTO”
Em um dos trechos da ata, consta que o ex-ministro, que também é vice-presidente nacional do PDT, manifestou “desagravo e constrangimento” pelo que definiu como corrosão da autonomia das estruturas partidárias por conta do “aparelhamento governamental do Estado”.
O pedetista também fez críticas ao processo de “desindustrialização” do Ceará.
“Ciro sugere que a única forma de conciliação seria a nacional estabelecer uma dinâmica é intervir com uma comissão executiva mista no diretório pedetista do Estado do Ceará”, narra a ata indicando, pela primeira vez, a proposta de intervenção.
Após a proposta de Ciro, lideranças nacionais e locais passaram a debater sobre essa possibilidade. Sem conciliação e diante do impasse, os pedetistas decidiram votar. A sugestão foi aprovada com apenas um voto contrário, o de Cid Gomes.
RELAÇÃO POLÍTICA E FAMILIAR
O encontro entre Cid e Ciro na Executiva Nacional do PDT evidenciou o rompimento da relação política entre os dois irmãos. Em entrevista exclusiva para a live PontoPoder no último dia 21 de outubro, Cid disse que não fala com Ciro desde agosto de 2022, quando defenderam teses diferentes para a disputa pelo Palácio da Abolição.
"Eu jamais desejaria brigar com o Ciro, mas ele brigou comigo. Eu fiz tudo e, para mim, foi um grande sacrifício, não tenha dúvida disso. (...) E tive que me abster daquela eleição, que era importante. Então, se eu soubesse que a consequência ia ser essa, eu teria tomado partido, mesmo que isso significasse brigar com o Ciro", afirmou o senador.
Após ser destituído do comando do PDT Ceará, Cid reagiu e, na última segunda-feira (30), classificou a decisão como “ilegal”. A ala dele na sigla deve se reunir no próximo dia 9 de novembro para discutir os rumos políticos.
Ainda na própria reunião, no Rio de Janeiro, o pedetista disse que “sairia (do PDT), assim como entrou, pela porta da frente”, conforme relatos de correligionários.
Diário do Nordeste