Senador disse em transmissão nas redes sociais que a tentativa de convencimento do ex-presidente foi recusada e ele ainda teria feito uma denúncia contra Bolsonaro. "Eu ficava p*** quando me chamavam de bolsonarista. [...] E vocês esperem. Na sexta-feira, vai sair na [revista] Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. Só para vocês terem uma ideia. E é lógico que eu denunciei."
Em conversa com a GloboNews, Marcos do Val afirmou que um dos fatores que levaram à decisão foi um diálogo presenciado pelo então presidente Jair Bolsonaro, logo após as eleições de outubro, em que o então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) teria proposto uma ação golpista ao parlamentar.
Do Val afirma que a proposta envolvia não desmobilizar os acampamentos golpistas e, enquanto isso, gravar sem autorização alguma conversa que comprometesse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
O parlamentar se irritou após viralizar uma imagem na qual ele aparecesse cumprimentando Rodrigo Pacheco, reeleito ontem para mais dois anos na Presidência do Senado.
Perdi a convivência com a minha família, em especial com minha filha. Não adianta ser transparente, honesto e lutar por um Brasil melhor, sem os ataques e as ofensas que seguem da mesma forma. Nos próximos dias, darei entrada no pedido de afastamento do senado e voltarei para a minha carreira nos EUA."
Segundo Do Val, ele chegou a sofrer um princípio de infarto e os ataques que ele tem sofrido afetam também seus parentes. Nada existe de grandioso sem paixão. Essa paixão não estou tendo mais em mim. As ofensas que tenho vivenciado, estão sendo muito pesado para a minha família."
Marcos do Val foi eleito em 2018, com 24,08% dos votos capixabas. Na época, o então candidato do PPS (hoje Cidadania) ficou em segundo lugar, derrotando Magno Malta (PL), aliado de Jair Bolsonaro no Espírito Santo. A suplente do senador é a evangélica Rosana Foerst.
Em reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo em julho passado, Do Val confirmou que recebeu R$ 50 milhões de emendas após a eleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o primeiro mandato na presidência do Senado.
Após a repercussão da entrevista, o parlamentar emitiu uma nota em que chamou de "má interpretação" da reportagem e disse que fez referência a existência de critérios no Senado para indicações transparentes de recursos por senadores.