Acompanhei a manifestação ocorrida na tarde deste domingo (13) em Camocim. Familiares e amigos do Jovem assassinado, do começo ao fim, durante todo trajeto, apenas pediram “justiça por Matheus”. Muitos dos manifestantes choravam e rezavam. Aliás, em dois momentos todos rezaram a oração do Pai-Nosso, pois foi também um momento de fé na Justiça Divina.
A respeito do que ocorreu em frente a casa do advogado Marcos Coelho, que advoga em defesa do policial que matou Matheus, obviamente, apesar de entender a dor de todos os familiares, da qual comungo, não posso concordar: o tio da vítima, Sargento Ésio, não deveria ter agido de tal forma [quebrou a janela do escritório do advogado]. E vale destacar: tal ato não estava prescrito nos objetivos dos que saíram para caminhar conclamando Justiça e paz.
Em frente ao prédio da Delegacia Regional de Policia Civil, onde o ato foi finalizado — momento mais forte da manifestação —, ressalto: a família apenas pediu justiça! Um irmão do Matheus, que coordenou a caminhada, orientou, em bom-tom, para que todos os manifestantes, após o momento de reza, voltassem para suas casas em paz.
Infelizmente, após a oração, arremessaram uma garrafa plástica descartável contra os polícias que resguardavam o prédio. Um policial atirou para o alto a fim de dispersar a multidão. Obviamente houve principio de tumulto, tensão e correria. Ninguém saiu ferido, não houve prisões e nem uso da força por parte de ninguém. Os ânimos foram contidos na mais pura normalidade.
Sim, houve falas revoltadas de familiares e amigos, mas dentro de um contexto completamente compreensível, dado o calor da emoção.
Reforço: o arremesso do descartável, bem como a janela quebrada, foram casos isolados, não compactuados por quem conclamava por Justiça, e tais incidentes foram/são incapazes de arranhar a integridade da justa manifestação, pacifica, ordeira e respeitosa.
Carlos Jardel