Repressão a padres gays no Brasil prejudica toda a Igreja - Revista Camocim

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quarta-feira, 2 de junho de 2021

Repressão a padres gays no Brasil prejudica toda a Igreja

A foto é ilustrativa, do padre e teólogo Krysztof Charamsa, Polonês,
 que tornou pública sua homossexualidade e disse ter um companheiro.




A matéria é do Instituto Humanista Unisinos


Um perfil feito pela BBC em 2020 de vários padres gays brasileiros ofereceu reflexões sobre a abordagem da homossexualidade na Igreja em suas próprias instâncias sobre como a Igreja poderia evoluir.


A reportagem é de Kevin Molloy, publicada por New Ways Ministry, 01-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.


Além do custo pessoal de repressão aos padres gays, a Igreja como um todo sofre com a falta de aceitação desses ministros. O perfil da BBC (disponível neste link) enfatiza que, ao rejeitar padres gays, a Igreja pode perder pastores dedicados, compassivos e populares que têm um testemunho cristão genuíno para oferecer ao mundo.


O segmento de notícias mostrou que, embora os padres gays sejam desencorajados a reconhecer sua orientação, aqueles que informam seus superiores às vezes enfrentam mais traumas. Alguns superiores ensinam seus padres gays como esconder sua sexualidade. Alguns dos superiores que são mais duros com os padres gays podem ser gays reprimidos. Um padre entrevistado pela BBC reconheceu que existem inúmeros “homossexuais homofóbicos” nas fileiras da igreja, o que ele diz ser uma das consequências da repressão:


“Eles querem combater no outro o que odeiam em si mesmos e que consideram mal”.


Mas vários padres gays entrevistados reconhecem que, uma vez que são honestos e verdadeiros consigo mesmos, com outros padres ou mesmo com alguns superiores, eles experimentam uma sensação de liberdade.


Essa liberdade de ser honesto permite que padres gays vivam autenticamente suas vocações. O padre Rafael (os nomes dos padres são fictícios para proteger suas identidades), que em seus primeiros anos de seminário desejava mais morrer do que continuar escondendo sua sexualidade, descreve sua vocação para ser um padre católico comprometido com os pobres:


“A Igreja que me atrai é aquela que está com as pessoas, que dá e ajuda os necessitados; a Igreja que o prepara para enfrentar a vida e não aquela que dá as costas ao diferente”.


Essa associação profunda e vivida com os marginalizados e excluídos era comum entre os padres gays entrevistados para a reportagem. O padre Alexandre reconheceu que quando jovem sentiu “um profundo deslocamento” por causa da sua sexualidade. Em vez de se fechar para as pessoas, permitiu que ele se identificasse com as pessoas excluídas:


“Nós sabemos o que é ser ‘diferente’. Acho que isso me levou a ser sensível, a olhar para os outros com mais compaixão. Eu vi muitas pessoas sofrendo e eu queria ajudar”.


Da mesma forma, o padre Aurélio acredita que ele e seus companheiros padres gays “são capazes de acolher outros marginalizados”.


Quando esses padres gays podem ser honestos consigo mesmos e com os outros, a exclusão social que eles experimentaram pode gerar um novo dom para a Igreja. Um sentimento mais profundo de compaixão oferece à comunidade católica mais ampla uma presença pastoral cristã que promove a cura no mundo.


Esses padres gays brasileiros ministram com uma variedade de pessoas marginalizadas, mas também com os próprios católicos LGBTQ. Alguns dos padres que encontraram afirmação em seus pares e superiores iniciaram ministérios LGBTQ no Brasil. Eles oferecem aos brasileiros LGBTQ lugares de apoio e compaixão onde eles podem “desabafar, compartilhar os sofrimentos, a angústia”.


Por meio de sua experiência de exclusão e marginalização e de sua compaixão dedicada a outros que vivenciam o mesmo, os padres gays no Brasil estão mostrando à Igreja que o ministério com pessoas LGBTQ é “perfeitamente possível e que se encaixa na doutrina da Igreja Católica”.


André lembra que quando começou a pregar contra a homofobia, lembrando à sua congregação que a Igreja Católica não aceita a discriminação contra pessoas LGBTQ, a mãe de um filho gay que sofreu bullying agradeceu-lhe emocionada por mostrar que sua Igreja respeita seu filho.


Quando padres gays conseguem viver sua vocação autêntica, o dinamismo é percebido entre os fiéis. A BBC entrevistou Francis DeBernardo, diretor-executivo do New Ways Ministry, que disse que, apesar da cultura de repressão, quando os padres saem para suas comunidades, eles geralmente são recebidos com incentivo de seus paroquianos. Esses padres tendem a ser clérigos muito populares, o que torna mais difícil para os superiores removê-los silenciosamente, acrescentou DeBernardo.


Em vez de criar um problema para a Igreja, os padres gays que se assumem e são encorajados a viver autenticamente fornecem uma oportunidade real para toda a Igreja. Eles são pastores dinâmicos que têm uma vocação genuína para cuidar da humanidade. Eles oferecem esperança real aos jovens LGBTQ que podem estar se sentindo condenados e pecadores. Eles imaginam maneiras novas e criativas de compartilhar o amor de Deus com suas congregações. Eles vivem como exemplos de Jesus, que gerou uma compaixão sem limites pelos pobres e marginalizados.


Enquanto a Igreja institucional no Brasil e em outros países continuar tentando reprimir a sexualidade de padres gays, é nítido, pelos exemplos vividos por esses pastores, que será prejudicial aos indivíduos e a toda Igreja. Em vez do sofrimento causado e da culpa através de políticas homofóbicas, nós todos deveríamos escolher seguir os passos desses padres e praticar a mais profunda compaixão, como Cristo.