Consciência Negra: o longo e duro processo de autoafirmação - Revista Camocim

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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Consciência Negra: o longo e duro processo de autoafirmação

O processo de se perceber, se conhecer e se entender enquanto parte de uma estrutura maior não é tão simples. Requer tempo. Muitas vezes, nem é de dentro para fora, mas no sentido oposto: requer empatia, conhecimento em relação ao outro e um ambiente favorável. Quando se nasce negro, então, esse percurso é quase sempre regra. Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, jovens negros cearenses descrevem as longas e duras trajetórias da autoafirmação - que tropeçam no racismo, mas não caem; que transformam memórias em luta.

Para Germano Crisóstomo, 28, a compreensão de que a pele carrega identidade e História só veio há dois anos, no 2018 das eleições presidenciais. Filho de pai preto e mãe branca, o publicitário reconhece que "não ser o chamado preto padrão periférico" o blindou das "dificuldades que o povo preto passa" - mas nunca dos olhares discriminatórios e do bullying racista, compreendidos como violências só muito depois.

"Eu não me reconhecia como homem preto. Mas em 2018, tudo mudou pra mim. Passei a pesquisar mais sobre política, estudar sobre racismo e ver pela internet situações com outras pessoas, e que eu já tinha passado antes, mas nunca associava à minha pele. Foi quando eu me entendi como homem preto e como a sociedade trata pessoas como eu. As pessoas não se importam: pra elas, quanto menos pretos, melhor", critica o jovem.

Germano aponta o apagamento da cultura do povo negro dentro das disciplinas escolares como um dos fatores que fortalecem a estrutura social racista. "A escola ignora o povo preto como rico e cultural, só estuda como escravo. Não trata Zumbi dos Palmares como herói, não falam de Dandara. Uma criança que chega na aula de História do Brasil e vê os pretos sendo escravizados aprende a não querer ser preta, pra não sofrer racismo", lamenta. Por lei (nº 11.645/2008), o ensino da temática "história e cultura afro-brasileira e indígena" em todo o currículo escolar, de forma ampla e diversa, é obrigatório no País.

Resistir e se entender como homem preto, então, aproximou o publicitário das próprias origens e da luta pelo direito à equidade. "Antes de 2018, eu chegava a criticar as lutas do movimento negro, por não entender como aconteciam. Hoje entendo que toda conquista minha é um manifesto. Eu chegar aos 28 anos é um sinal de luta. Eu ter feito faculdade é uma forma de mostrar que todo preto é capaz. De me tornar, em algum momento, a referência de alguém, como profissional e pessoa".

Informações do Diário do Nordeste.